Em encontro com representantes das seis centrais sindicais - Força Sindical, CUT, CGTB, Nova Central, UGT e CTB - o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, descartou cortes nas contribuições sobre FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e da Previdência Social.

Havia boatos de que o governo tinha a intenção de propor modificações na folha salarial, através de redução das contribuições patronais e dos trabalhadores. "As centrais se pronunciaram prontamente contra a proposta, por entenderem que diminuir a arrecadação da Previdência ou do FGTS prejudicaria os trabalhadores e beneficiaria setores oportunistas que usam de qualquer pretexto para reduzir direitos", explicou Artur Henrique, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

Para Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, se o governo tomasse medidas generalizadas de redução de encargos trabalhistas estaria admitindo que a crise financeira se espalhou. Segundo o sindicalista, a crise é setorial. "Por isso, o governo precisa ter agilidade para discutir os problemas de cada um", disse.

A pauta principal da reunião de ontem, que aconteceu em Brasília, era tratar dos reflexos da crise econômica no País, mas acabou sendo alterada devido ao boato de alterações na folha salarial.

Lula teria prometido a criação de um grupo anticrise, para monitorar os vários setores da economia, que será integrado por sindicalistas e ministros. O primeiro segmento escolhido para ser analisado é o da alimentação.

As centrais justificam a escolha do setor devido à falta de capital de giro e de crédito. As pequenas empresas do segmento de industrialização de carne de frango, por exemplo, estão demitindo trabalhadores e reduzindo a produção, fruto da quebra nas exportações não compensada pelas vendas no mercado interno.