Automóveis Titulo
Oficinas ecológicas
Por Alexandre Calisto
Especial para o Diário
19/10/2011 | 07:01
Compartilhar notícia


Ao trocar as peças e componentes líquidos do veículo nem questionamos qual será o fim daqueles produtos. E assim como o lixo, esses resíduos necessitam de separação e destinação corretas. Cuidar e enviar os resíduos para o lugar certo, de acordo com cada material, vão além da questão ambiental, passam pela saúde pública e chegam à legalidade, já que é necessário agir como orienta a lei. De acordo com Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo, somente 2% das peças automotivas são recicladas. As oficinas mecânicas estão investindo, ainda que aos poucos, em sistemas ecológicos. As grandes redes são as pioneiras, mas as pequenas reparadoras caminham lentamente.

A razão para pouco investimento em ações ecologicamente corretas é o alto custo para contratar empresas para destinar o lixo. Pelo menos é o que aponta o coordenador técnico do Centro de Experimentação e Segurança Viária Marcos Carvalho. "Nós ainda não temos cultura de conscientização sobre o meio ambiente. As grandes empresas investem, mas as pequenas não. É tão insignificante o número de oficinas que separam esses resíduos. Para o pequeno proprietário, o preço é alto para contratar empresas".

Falta de fiscalização também é motivo para descuidos. Para ele, a transformação está acontecendo gradativamente. "Depois de aprovada a lei, as grandes empresas investiram em tecnologias para evitar o desperdício e o descarte irregular de materiais e são elas também que passaram a ser fiscalizadas", explica Carvalho. As pequenas, por gerarem pouco resíduo, não são fiscalizadas com tanto rigor.

Além de ações sustentáveis por parte das oficinas, os fabricantes também devem colaborar, como no caso das baterias. De acordo com a Resolução 401 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, as fabricantes são responsáveis pelo recolhimento do produto e a destinação adequada. Segundo Antonio Gaspar de Oliveira, do Sindirepa, existem outros itens nos automóveis que podem ser reaproveitados. "O fabricante pode remanufaturar a embreagem. Ela volta para o mercado com a mesma garantia das peças novas", explica.

Ele ainda lembra que, para recolher os produtos para reciclagem e reaproveitamento, as empresas devem ser autorizadas por cada orgão específico. No caso do óleo lubrificante de motor, por exemplo, a empresa é liberada pela Agência Nacional do Petróleo.

 

Pneu é o item mais reciclado

 

O pneu está entre os primeiros componentes na lista de produtos automotivos mais reciclados. Segundo os números da Associação Nacional das Indústrias de Pneumáticos, o Brasil produziu no ano passado 67,3 milhões de unidades.

 

A Reciclanip, entidade formada por fabricantes e voltada para a coleta e destinação de pneus, recolheu no primeiro semestre deste ano cerca de 168 toneladas de pneumáticos. No ano passado, o volume coletado alcançou o total de 311.554 toneladas.

 

DANOS

De acordo com Cesar Faccio, coordenador da Reciclanip, os pneus inservíveis descartados de forma errada contribuem, por exemplo, para o entupimento da rede de esgoto, enchentes, poluição dos rios e ainda podem ser focos que favoreçam o desenvolvimento do mosquito da dengue. Ele ainda lembra que o pneu demora, em média, 150 anos para se decompor.

Fabricio Costa, gerente comercial da DPaschoal, ressalta que mesmo reciclando aproximadamente 3.000 toneladas de pneus por ano, ainda é necessário conscientizar muitos consumidores para que o descarte seja feito corretamente. Ele também explica que o produto é deixado voluntariamente nas oficinas ou concessionárias. As fabricantes recebem o produto de volta e o encaminham para empresas especializadas em reciclagem.

 

COLETA

Geralmente, as fabricantes recolhem os produtos em oficinas mecânicas, concessionárias e postos de gasolina que realizam a troca de pneus.

Algumas entidades recolhem esse material nos pontos de coleta. No caso da Reciclanip, são 711 pontos em cidades brasileiras.

No processo de reciclagem, os pneus passam por trituração e são reaproveitados de diversas formas, como combustível para as indústrias de cimento, na fabricação de solados de sapato, em borrachas de vedação, dutos pluviais e pisos para quadras poliesportivas, além de pisos industriais, asfalto ecológico e tapetes para os próprios veículos.

 

Instituto emite selo verde para reparadoras conscientes

O Instituto de Qualidade Automotiva, em parceria com o Centro de Experimentação e Segurança Viária, emite o selo de oficina verde para as reparadoras que investirem em ações em prol do meio ambiente.

O coordenador técnico do Cesvi, Marcos Carvalho, explica que o objetivo é informar os proprietários das oficinas sobre como realizar o descarte do lixo corretamente e evitar o desperdício, economizando energia e água.

Para obter o selo, o IQA realiza várias visitas e considera ações ambientais o descarte adequado de resíduos tóxicos, das peças substituídas e das lâmpadas utilizadas na oficina e até mesmo a reutilização de roupas e luvas.

As reparadoras são classificadas por estrelas, que vão de uma a cinco, e a certificação é válida por um ano. O consumidor que quiser procurar oficinas com o selo verde pode conferir a relação disponível no site da Cesvi: www.cesvibrasil.com.br.

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;