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The Police, o retorno, é imperdível
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
22/11/2008 | 07:00
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Após lançar cinco álbuns multiplatinados e enfileirar hits na programação das rádios, o The Police anunciou sua inesperada separação, em 1984. Vinte e três anos depois, em uma histórica apresentação na 49ª cerimônia do Grammy, Sting (baixo e vocal), Andy Summers (guitarra) e Stewart Copeland (bateria) se reuniram para anunciar o retorno aos holofotes.

O recém-lançado DVD Certifiable (Universal, R$ 50 em média), vendido juntamente com um CD, registra um dos shows memoráveis da turnê que sucedeu a retomada das atividades da banda e sagrou-se a mais rentável de 2007 (com faturamento aproximado de R$ 380 milhões).

Gravada em dezembro último, em Buenos Aires, pouco antes de o trio desembarcar no Brasil para o show no Maracanã, no Rio, a apresentação comprova que os anos não prejudicaram o vigor, a precisão técnica e o carisma que o consagrou.

Sem apelar para efeitos especiais ou uma estrutura de palco gigantesca, e com apenas três músicos em cena (notáveis em seus respectivos instrumentos), o The Police consegue controlar multidões do início ao fim de suas performances. Basta Summers empunhar sua indefectível Fender Stratocaster e dedilhar os primeiros acordes de Message in a Bottle, uma das pepitas do antológico Reggatta de Blanc (1979), para que isso fique evidente.

‘Pegada' - Dono de uma 'pegada' reconhecível à audição das primeiras notas, o guitarrista não somente ajudou a forjar a mistura do rock com o ‘reggae de branco' característico do The Police, como redefiniu os parâmetros da guitarra na década de 1980. Os efeitos de distorção que sempre utilizou em seus riffs e dedilhados, caso do chorus (que faz a nota oscilar), formaram a identidade de gerações de instrumentistas.

Em Voices Inside my Head/When the World is Running Down..., Summers mostra suas influências jazzísticas em um solo arrebatador.

Na linha de frente, Sting dialoga com a bateria virtuosa de Copeland e executa intrincadas passagens no baixo, sem desafinar em instante algum. Entre seus bons momentos como intérprete, merecem destaque sucessos como Sincronicity II, Walking on the Moon e Wrapped Around your Finger. Esta última não consta no CD.

Documentário - O DVD traz ainda o documentário Better than Therapy (em português, Melhor que Terapia), dirigido por Jordan Copeland, filho de Stewart. Para assistir ao vídeo, que mostra os bastidores da turnê, com entrevistas e ensaios, é necessário inserir o DVD no computador e acessar o site da produção (www.thepolice.com/betterthantherapy).

Será interessante para quem acompanha a trajetória do Police compará-lo com o documentário Everyone Stares - The Police Inside Out, lançado em 2007, em que os integrantes aparecem no começo da carreira. A batalha de egos entre Sting e o baterista continua, mas a agressividade juvenil cedeu lugar à ironia mordaz típica dos que são capazes de rir dos outros e de si mesmos.

Em um dos ensaios, por exemplo, quando Copeland faz uma firula no meio do solo de So Lonely, o cantor simplesmente cai na gargalhada e desconcerta o companheiro de grupo. "Virou um clichê dizer que a gente se odeia. Isso é uma meia-verdade", comenta sarcástico Summers.

"Gosto de controlar e queria que a música fosse como um jogo de xadrez, em que você simplesmente move as peças", afirma Sting, em um momento de sinceridade. A única ‘nota dissonante' do DVD, altamente recomendável, é a falta de legendas em português.




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