Economia Titulo Mudança de planos
Na linha de produção para salvar vidas

Montadoras sediadas na região realizam a manutenção de respiradores usados contra Covid-19

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
05/04/2020 | 00:04
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André Henriques/DGABC


O Grande ABC é conhecido como o principal polo automotivo do Estado. Em tempos de pandemia de coronavírus, todas as cinco fabricantes da região paralisaram a produção de veículos. Porém, para salvar vidas, outro equipamento passa pelas linhas de montagens atualmente: o respirador, que é utilizado nos casos mais graves da doença.

Com fábrica em São Bernardo, a Scania é uma das empresas que participa da iniciativa. Até o momento, 36 respiradores já foram designados para a reparação na planta de caminhões, desse total, 21 já estavam em manutenção e outros 15 chegaram no fim desta semana. A equipe do Diário acompanhou parte dos reparos. A lista de respiradores é atualizada diariamente pelo governo e mais equipamentos serão designados para a empresa nos próximos dias.

Segundo dados da LifesHub Analytics e da ACM (Associação Catarinense de Medicina), atualmente são cerca de 3.600 ventiladores pulmonares fora de operação no Brasil porque foram descartados ou têm necessidade de manutenção. O País tem São 65,2 mil em funcionamento, sendo 17,8 mil na rede privada e 47,3 mil no SUS (Sistema Único de Saúde). A estimativa é que cada equipamento recuperado poderá atender até dez pessoas.

“Sabemos que os respiradores são um gargalo crítico para o atendimento à população e mobilizamos técnicos de manutenção da Scania para trabalhar nesta força tarefa. Cada aparelho consertado ajudará a salvar vidas e este é um grande motivador”, afirmou o diretor de relações institucionais e governamentais da Scania Latin America, Gustavo Bonini.

Para a operação, foi criada uma força-tarefa, incluindo área de manutenção provisória e um quartel-general no ginásio poliesportivo no clube da empresa. Lá, trabalham profissionais da equipe de limpeza, técnicos de segurança e saúde, além de toda a cadeia interna de suprimentos para atendimento de componentes para o reparo. Os colaboradores foram capacitados pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), que coordena a iniciativa que é integrada por outras grandes indústrias.

Os lotes são definidos e disponibilizados pelo Senai. “A logística de retirada foi feita pela própria Scania, por colaboradores voluntários, e a manutenção está sendo realizada também por técnicos voluntários”, afirmou Bonini, ressaltando que é seguido um rígido protocolo de higienização e limpeza, garantindo a segurança.

A princípio, a estrutura da montadora disponibilizada para os respiradores foi pensada para 60 dias. São 30 colaboradores voluntários de diversas áreas, mas ligadas diretamente à manutenção dos equipamentos, são cerca de dez profissionais. “Eles estão atuando de forma voluntária com suas experiências, habilidades e conhecimentos. São pessoas que estão fazendo a diferença diante deste cenário sem precedentes que vivemos mundialmente”, disse o diretor da Scania.

A GM (General Motors), que possui planta em São Caetano, também participa da ação. De acordo com a montadora norte-americana, o Ministério da Economia convidou um grupo de técnicos para ajudar no problema de falta de respiradores, dentre eles o gerente de inovação da empresa, Carlos Sakuramoto, que passou a dar todo o apoio para a iniciativa. Uma sala de manutenção da fábrica foi adaptada para desinfecção, quarentena e reparo dos equipamentos.

Na primeira busca feita pela empresa no Hospital Heliópolis, localizado na Zona Sul de São Paulo, nesta semana, foram recolhidos dez equipamentos para conserto em São Caetano. A força-tarefa realiza a busca dos respiradores inoperantes, leva para uma empresa parceira mais próxima, realiza o reparo com mão de obra voluntária, e devolve o aparelho funcionando ao mesmo hospital de origem.

Outra empresa que participa da iniciativa é a Toyota, com fábrica de peças e motores sediada em São Bernardo, porém a manutenção dos equipamentos será feito em Sorocaba, Interior do Estado.

FABRICAÇÃO
A Mercedes-Benz, em parceria com o Instituo Mauá de Tecnologia, se prepara para iniciar a fabricação de respiradores na unidade de São Bernardo. O desenvolvimento dos equipamentos de baixo custo está utilizando como matéria-prima peças da indústria automotiva. Os testes foram iniciados na última semana e a expectativa é que a produção comece nos próximos dias. Como a medida ainda está na fase de testes, não é possível informar detalhes de volumes. Os engenheiros da empresa também avaliam como aproveitar as instalações.

Empresas também anunciam doações de insumos básicos contra a doença

Além da fabricação e conserto dos ventiladores mecânicos, as montadoras também anunciaram doações de insumos necessários ao enfrentamento da Covid-19. Entre eles, estão máscaras e álcool em gel.

A Mercedes-Benz, em São Bernardo, realiza a fabricação de máscaras, com uma produção diária de dez unidades. Em parceria com o banco da montadora, a empresa está comprometida com a doação de cestas básicas e itens de higiene para comunidades carentes, Foram entregues 1.000 óculos de proteção para o Pronto Socorro Municipal de São Bernardo. Também estão previstas doações de luvas, máscaras e 2.000 testes do Covid-19 para hospitais próximos às plantas da empresa. Duas vans Sprinter também são utilizadas pela Prefeitura para transportar passageiros.

A Scania também produz máscaras em impressoras 3D, com apoio de colaboradores voluntários, além de mobilizar a equipe em arrecadação de alimentos e doação de EPIs para instituições.

A Toyota fez doação ao governo de São Paulo de quatro Hilux, que serão adaptados para ambulâncias e 30 mil garrafas de álcool gel. A Volkswagen anunciou que vai oferecer serviços de reparo em suas concessionárias para veículos da marca usados pela Secretaria da Saúde do Estado. A ação também se estende para os 100 veículos que são utilizados pelas prefeituras onde a empresa mantém fábrica, inclusive São Bernardo.  




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