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Escritório em SP custa tanto ou mais que em Wall Street
Do Diário do Grande ABC
06/01/1999 | 14:28
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Os valores para a locaçao de imóveis comerciais na cidade de Sao Paulo sao os mesmos ou superiores aos cobrados na regiao de Wall Street, em Nova York. Nas duas cidades, o valor do m2 dos escritórios de alto padrao oscila entre R$ 40 e R$ 45. Nas melhores localizaçoes norte-americanas, o preço médio é de R$ 50, mas os projetos paulistanos à venda chegam a R$ 60.

Apenas na cidade de Paris, o valor cobrado pelo m2 dos escritórios é tao caro como o pedido, no momento, em Sao Paulo. Em Miami (EUA), o preço médio está na faixa dos R$ 30. A comparaçao foi feita por Paul Weeks, consultor da empresa americana Cushman & Wakefield, uma das gigantes do setor imobiliário no mundo, que está oferecendo serviços de corretagem, planejamento e assessoria no País, desde o final do ano passado.

``É impossível que os preços nao caiam neste ano', prevê Weeks, lembrando que o valor dos imóveis residenciais está em queda nos últimos três anos.

Informaçoes de mercado revelam dificuldades para novos negócios desde o segundo semestre de 1998. Os únicos escritórios que nao sofreriam queda de preços seriam os de alto padrao, tipo AA, porque há demanda reprimida, principalmente pela chegada de novas empresas multinacionais ao País.

No ano passado passado, os preços médios de venda e de locaçao ficaram estáveis, de acordo com Weeks. Isso nao valeu, no entanto, para os imóveis de alto padrao, porque a demanda manteve-se aquecida. Se a taxa de vacância (porcentagem do estoque desocupado em relaçao ao estoque total) média em Sao Paulo foi de 12%, a dos escritórios tipo AA foi de 4%, revelando a demanda alta.

Com a experiência acumulada de anos de trabalho na Bolsa de Imóveis de Sao Paulo e na Richard Ellis, Weeks será o responsável por pesquisas trimestrais sobre o mercado imobiliário no Brasil e, no futuro, também em outras capitais da América Latina. A primeira, sobre o mercado de escritórios em Sao Paulo, acaba de ser concluída, dando um panorama do setor até o ano 2001.

Recorde batido em 98 - No ano passado, o novo estoque de escritórios na cidade de Sao Paulo (imóveis prontos para serem ocupados) cresceu 2,93% em relaçao ao ano de 1997, com a entrega de 181.279 m2. Foi o melhor desempenho da década de 90, quebrando o recorde anterior, de 166.065 m2, de 1997. Segundo Weeks, o novo de estoque de escritórios entregue entre 1990 e 1998 ultrapassou, em mais de 50%, todo o volume entregue entre 1980 e 1989 (992.567 m2).

As projeçoes para 1999 indicam um ano de atividade ainda melhor, com a entrega de 210.286 m2 de novos escritórios, o que implicaria num crescimento de até 16%. Esta previsao mais do que otimista, apesar da recessao certa em 1999, é justificada, de acordo com Weeks, pelo fato de que há muitas construçoes em andamento. Em média, o prazo de construçao de um edifício é de três anos. Assim, o efeito da crise financeira internacional, iniciada no final de 1997, começará a ser refletido na entregas de 2000.

No ano 2000, a Cushman & Wakefield prevê que o novo estoque de escritórios seja de 186.581 m2, refletindo a retraçao econômica dos últimos três anos. No ano seguinte, embora a previsao fique condicionada ao ritmo da recuperaçao da economia, os imóveis entregues somariam 193.580 m2, praticamente o mesmo de 2000.

Vila Olímpia cresce - A regiao paulistana campea em número de escritórios entregues foi a Vila Olímpia, com 25% de todo o estoque. Desde 1995, foi a primeira vez que a regiao da Berrini nao ficou em primeiro lugar.

No ano que vem, a Berrini voltará a ocupar o primeiro lugar, com a entrega prevista do Torre Norte, do Centro Empresarial Naçoes Unidas. Mas Vila Olímpia continuará em destaque já que há 25 edifícios em construçao na regiao, com entrega entre 1999 e 2000.

A regiao da Vila Olímpia foi, no entanto, a que apresentou a maior taxa de vacância (porcentagem do estoque desocupado em relaçao ao estoque total) de Sao Paulo, com 21,66%. De acordo com Weeks, isso porque a regiao ainda está em desenvolvimento. As duas regioes com menor taxa de vacância foram dois tradicionais pólos de escritórios da capital de Sao Paulo, a da avenida Faria Lima (7,37%) e a da avenida Paulista (8,87%).




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