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Boeing perde monopólio na venda de avioes em Israel
Do Diário do Grande ABC
28/10/1999 | 13:04
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O anúncio da companhia aérea israelense El Al sobre a compra de vários avioes A-330 da Airbus, significa o fim do monopólio da Boeing, uma decisao que nao deixa de ter tintas políticas, apesar da dura luta comercial entre as duas grandes empresas aeronáuticas.

A companhia israelense El Al quebrou um tabu ao anunciar, esta quarta-feira, a compra de três Boeing 777, assim como a compra de avioes europeus Airbus A330-200. Essas compras à empresa européia, que em princípio se limitarao a três ou quatro avioes, marcam uma guinada e um sinal de emancipaçao para a companhia aérea israelense, que até entao, era cliente exclusiva da Boeing.

Israel é um país intimamente vinculado aos Estados Unidos, graças às ajudas financeiras, lembram os especialistas aeronáuticos na Europa. No último domingo, foi o presidente da República francesa, Jacques Chirac, quem anunciou pessoalmente a compra, por parte da China, de 28 avioes Airbus, durante a visita oficial de seu colega Jiang Zemin, embora os contratos ainda nao tenham sido finalizados.

A compra de avioes por parte da China ilustraram freqüentemente o estado de suas relaçoes diplomáticas com os dois blocos. Assim, os europeus aumentaram as vendas depois dos acontecimentos na praça da Paz Celestial e do esfriamento diplomático entre China e Estados Unidos, ocorrido em seguida.

Também foi o chanceler alemao, Helmut Kohl, quem assinou um contrato da Airbus em nome dos quatro associados, ao mesmo tempo em que a França mantinha uma relaçao gélida com a China, devido às vendas de fragatas e avioes de combates franceses a Taiwan.

Em fevereiro de 1994, o presidente norte-americano Bill Clinton serviu como agente comercial para a Boeing, ao anunciar na Casa Branca que a companhia Saudita Airlines(Arábia Saudita) havia escolhido a empresa dos EUA. Essa escolha ``política' foi denunciada claramente pela Airbus.

Entre os fabricantes, há uma clara resistência de evocar publicamente esse aspecto do ofício. Pessoas ligadas à Boeing reconhecem à meia voz, que ``em certas campanhas de venda, o aspecto político pode ser levado em conta'. A Airbus vai mais longe, ao admitir que no caso de Israel ou China, ``as pressoes políticas estao claramente no primeiro plano, ou desempenham um papel importante'.

``Um aviao nao é, ainda, um produto como outro qualquer, tanto do ponto de vista de quem vende, como de quem compra', assinalou um especialista aeronáutico europeu, que pediu para permanecer no anonimato. ``Bill Clinton e Jacques Chirac sao dois grandes vendedores de avioes. E quase uma moeda de câmbio diplomática, um material mais simbólico do que a construçao de um aeroporto ou de uma central elétrica', assinala um especialista em exportaçao.

Mesmo nas companhias privadas ou consideradas independentes, as pressoes políticas exercem seu próprio papel. A British Airways esperou trinta anos antes de comprar a Airbus, embora a companhia British Aerospace seja uma das sócias do consórcio europeu. Ao contrário, Christian Blanc, presidente da Air France, teve de enfrentar seu governo para conseguir impor a compra de Boeing 777, como solicitavam seus pilotos.




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