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Delegado: há 'fortes indícios' de que Gugu sabia da farsa do PCC
Por Do Diário OnLine
20/09/2003 | 01:04
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O delegado Alberto Matheus, do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), afirmou nesta sexta-feira que há "fortíssimos indícios" de que o animador Augusto Liberato sabia que era falsa a entrevista veiculada com dois homens que se diziam membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). Matheus relatou que a farsa foi armada pela produção do programa Domingo Legal (SBT) e adiantou que Gugu Liberato será intimado a prestar depoimento na próxima quinta-feira (dia 25, às 15h30). O apresentador pode ser indiciado por apologia ao crime, junto com os outros personagens envolvidos na entrevista forjada.

'Beta' - um dos farsantes da entrevista - e o produtor Hamilton Tadeu dos Santos ('Barney') - apontado como arranjador da farsa - acusaram Rogério Casagrande (produtor do Domingo Legal) de ter organizado todo o embuste, transmitido em 7 de setembro. 'Beta' foi ouvido nesta sexta pelo delegado Matheus. Barney se apresentou ao Deic no começo desta noite, numa verdadeira epopéia transmitida ao vivo por programas de TV.

No depoimento, 'Beta' disse que Casagrande ficou atrás da câmera escrevendo em folhas de cartolina as respostas que os dois deveriam dar na entrevista. "Tudo aquilo que vocês viram foi armado pela produção do programa Domingo Legal, comandado por Augusto Liberato", afirmou o delegado.

Apesar de citar várias vezes o nome do animador, o delegado disse que o consentimento do Gugu com a farsa ainda não está confirmado. "Indícios não são provas, e as provas estão sendo estabelecidas. Mas temos indícios fortíssimos de que ele sabia", afirmou. Ao ser perguntado sobre as possíveis motivações para a divulgação da entrevista falsa pelo Domingo Leal, Matheus falou em "disputa pela audiência" e "clamor público" que a matéria causaria.

"Que isso seja o marco zero de mentiras na TV brasileira", afirmou o delegado.

A Justiça Federal proibiu a exibição do Domingo Legal, atração de Gugu Liberato, no próximo domingo (dia 21). A decisão foi tomada nesta sexta-feira pela juíza Leila Paiva, da 10ª Vara Cível de São Paulo. Apesar de a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão ter pedido 30 dias de suspensão, o castigo vale apenas para o dia 21.

Barney - O autodenominado "ator amador free lance de pegadinhas" roubou a cena nos programas jornalísticos do final de tarde. Ao lado do advogado, Luiz César Barão, ele concedeu uma entrevista exclusiva ao telejornal Cidade Alerta, da Rede Record. Barney chorou, pediu desculpas à mãe, ao irmão mais velho e a todas as personalidades ameaçadas na entrevista forjada – o vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo (PT), o padre Marcelo Rossi e quatro jornalistas.

O ator disse que não arranjou a entrevista – como foi acusado pela produção do Domingo Legal – e negou qualquer vínculo com o PCC. Mas ele assumiu que a arma exibida por um dos farsantes na entrevista realmente lhe pertence. Barney contou que foi procurado por Casagrande na sexta-feira anterior ao Domingo Legal de 7 de setembro, para perguntar se ele conhecia algum membro do PCC. O ator disse que não conhecia e teve de ouvir outro pedido: segundo ele, Casagrande pediu seu revólver emprestado para que a entrevista forjada tivesse mais veracidade. Barney alegou que emprestou porque se sentiu "acuado", em gratidão a todos os trabalhos que já havia feito para o SBT.

Mas a entrevista exclusiva com Barney 'esfriou' depois que o acusado decidiu se apresentar no Deic. A partir daí, em rede nacional, duas emissoras de TV acompanharam ao vivo a trajetória do ator e seu advogado pela congestionada Marginal Tietê. O caminho foi extremamente tumultuado, não só por causa do trânsito intenso.

O Monza branco de Barney, veículo que teria levado 'Alfa' e 'Beta' para a entrevista no estúdio do SBT, foi seguido por dois 'motolinks' – unidades móveis de filmagem e transmissão que são baseadas numa motocicleta, que transporta um repórter e um técnico.

Barney dava entrevistas ao vivo a uma e outra emissora enquanto dirigia pela Marginal. A certa altura do caminho, o carro foi abordado por uma viatura da Polícia Militar. Em minutos, o trecho estava coalhado de carros e soldados, interrompendo o tráfego em duas faixas da via (que já estava extremamente congestionada). Depois de muita discussão e confusão, ele acabou escoltado até o Deic.

Barney teve de prestar esclarecimentos sobre a entrevista forjada e sobre a arma, que ele insistiu em alegar que está com a produção do SBT.




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