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Banda Lyra de Mauá está ameaçada de extinção
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
01/09/2001 | 17:29
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Uma cidade sem banda é uma cidade triste. A frase está no papel timbrado da Banda Marcial Lyra de Mauá. Se a mensagem for levada ao pé da letra, e se nada for feito, Mauá corre o risco de perder uma parcela de sua alegria. Isso porque a Lyra, que coleciona premiações nacionais e internacionais, anda com sérios problemas financeiros, sofre para prosseguir em sua trajetória artística e o risco de extinção não está descartado.

A Banda Marcial oferece aulas gratuitas de música a cerca de 200 jovens, de idades entre 10 e 25 anos, sobretudo com baixo poder aquisitivo e moradores da periferia de Mauá. Além de oferecer conhecimento musical, o projeto tem como objetivo afastar essas pessoas do possível envolvimento com a marginalidade e com as drogas.

O custo fixo mensal para a manutenção da banda é de R$ 4 mil, entre os quais R$ 1 mil já vem do patrocínio da Coop Cooperativa de Consumo. A Prefeitura de Mauá não destina nenhuma espécie de verba para a banda que leva o nome do município e do Grande ABC para os mais prestigiados eventos do gênero na qual ela se enquadra.

“Frustração e desânimo são alguns dos sentimentos que rondam os envolvidos com o projeto. Hoje, temos cerca de R$ 200 no caixa. Minha maior tristeza foi quando não pudemos participar de dois importantes concursos no interior paulista, isso há cerca de três semanas. Não fomos porque não havia dinheiro para o transporte”, disse o maestro regente da banda, Carlos Binder, 42 anos.

“Seria ideal se a Prefeitura de Mauá viabilizasse recursos para o projeto, visto que a função dele é educativa”, afirma Binder, que começou como músico da instituição ainda criança e atua na regência do conjunto há mais de 20 anos.

Mas Binder não crê na possibilidade de auxílio financeiro por parte do poder municipal ainda em 2001. “Em reuniões recentes entre responsáveis da banda e da Prefeitura foi dito que para este ano não há nada previsto em orçamento para a Lyra”, disse o regente.

O secretário de Educação, Cultura, Esportes e Lazer de Mauá, professor e pesquisador Luiz Roberto Alves, informou por meio da assessoria de imprensa que há um projeto de parceria entre a Prefeitura e a banda previsto para o próximo ano. O diretor de Cultura da cidade, José Estevam Gazinhato, confirmou a informação em entrevista ao Diário (leia mais nesta página).

Para Binder, a solução para os problemas da Lyra pode estar nas empresas do Grande ABC: “Quem ajudar a gente e colocar logomarcas em nossos uniformes, terá retorno de marketing certamente superior aos investimentos”, afirmou.

Sem fins lucrativos, a Lyra sobrevive graças ao esforço de voluntários. Projetos como os de formação de uma associação de sócios-contribuintes e o de realizar eventos para a arrecadação de fundos são algumas das alternativas que serão tentadas pela banda para fazer caixa.

Seis vezes campeã estadual e cinco vezes nacional nas competições promovidas pela Confederação Nacional de Bandas e Fanfarras, a Lyra de Mauá conquistou novo título recentemente: 1º lugar no I Campeonato de Bandas e Fanfarras, que garantiu a participação no campeonato nacional, programado para os dias 3 e 4 de novembro em Florianópolis, Santa Catarina.

O embrião da Banda Marcial Lyra de Mauá data de 1934, época em que o grupo ostentava o nome de Corporação Musical Lyra de Mauá. Hoje, passados 67 anos, o fruto de mais de seis décadas de trabalho corre o risco de desaparecer.




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