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Curtindo a leveza do cotidiano
Por Da TV Press
12/06/2008 | 07:03
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Divulgação


Antônio Calloni já soltou gritinhos como o muçulmano Mohamed em O Clone, afinou seu sotaque italiano com o Bartolo de Terra Nostra e chegou a engordar 15 kg para viver o político e poeta Frederico Schmidt em JK. Depois de uma gama de personagens de composições mais elaboradas, o ator deixa de lado sua faceta camaleônica para um trabalho aparentemente simples: viver um tipo comum, como o gente boa Eduardo de Beleza Pura. Neste trabalho naturalista, o paulistano de 46 anos se sente de férias de papéis densos na TV. Com gestos largos, Calloni disseca seus mais de 22 anos de carreira com o entusiasmo de quem ainda se surpreende com as peripécias do personagem Eduardo - que namora Débora, personagem de Soraya Ravenle, contra a vontade das filhas de ambos na trama. "Ah, como eu queria fazer um cara comum, um pai de família que se apaixona de novo, como ele. Um coroa que reconstrói sua vida sem maiores complicações", conta, esparramado no sofá de casa.

Grande parte dos seus personagens na TV exigiu uma composição aprofundada. Como tem sido viver um tipo comum?

ANTÔNIO CALLONI - Nesse momento estava justamente querendo um personagem despojado, simples. Queria um exercício mais corriqueiro de atuação, desprovido de truques, sotaques. Precisava de um tipo assim, um pai de família comum, bem leve. Isso foi o que mais me atraiu. Por ser absolutamente comum, é um dos tipos mais difíceis de se fazer.

Por quê?

CALLONI - Os atores acham que personagens assim são mais fáceis. Puro engano. Isso é uma armadilha. Achar o tom correto na comédia romântica é difícil. No início da novela batalhei muito para encontrá-lo, mesmo com mais de 20 anos de carreira. Não é chegar e fazer levinho, naturalzinho. Esse é o erro de muitos atores. Já fiz outros personagens assim, como em Zazá, com o Milton, que era um cara mais engraçado. Isso traz uma arejada para o trabalho do ator que costuma fazer papéis mais densos.

Você interpretou o Assis Chateaubriand em Um Só Coração, Augusto Frederico Schmidt em JK, o italiano Bartolo em Terra Nostra, entre outros tipos que exigem composição. A que você atribui essa escalação para papéis tão heterogêneos?

CALLONI - Gosto do barato de me aprofundar nas composições. Procuro fazer trabalhos impactantes. É um grande exercício de aprendizado mergulhar em vidas diversas. Foi prazeroso, por exemplo, ver (o escritor) Fernando Morais elogiando meu trabalho como o Chatô, onde pude mostrar as canalhices e os benefícios de um homem tão marcante. Mas também sinto saudades dos tipos mais simples, como o Claudionor de Anos Dourados. Tinha uma inocência na minissérie que estava com saudades de viver, como essa relação do Eduardo com a Débora em Beleza Pura.

No início da novela esse casal de personagens teve um namoro quase adolescente, controlado pelas filhas. Você acredita que esse tipo de recurso ingênuo ainda funciona?

CALLONI - Sem dúvida. Isso é um barato. As situações criadas com esse namoro geram cenas interessantes. Sempre quis trabalhar com o Silvio (de Abreu). Vibrei quando ele me chamou para a novela da Andrea (Maltarolli). Há tempos uma novela das sete não era tão leve e bem armada. O horário estava ficando pesado com tantas vilanias. Sinto que voltou ao que era antes. Essa inversão de papéis, das filhas do casal, por exemplo, mostra o tom descontraído. Para mim, tem sido uma espécie de férias do drama.

Mas é com o drama que você pretende estrear no cinema como roteirista. Depois de quatro livros lançados, quando você vai apostar no roteiro de um longa?

CALLONI - Esse é um trabalho artesanal, vagaroso, quase de japonês. Tenho um roteiro que é péssimo (risos). É o Amanhã Eu Vou Dançar, que era uma peça que transformei em roteiro e, depois, num romance. Estou estudando para me aventurar nessa área. O cinema continua sendo minha grande paixão, mas ainda acho que sou melhor atuando ou escrevendo livros de poemas. Quando a novela acabar, devo me dedicar de verdade ao cinema.




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