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Jardim Olavo Bilac respira o futebol

Em S.Bernardo, bairro reúne várias pessoas que entendem da principal paixão dos brasileiros

Por Bruna de Grande
Especial para o Diário
09/12/2014 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Paixão pelo futebol desde criança e felicidade em trabalhar no ramo são o que sente José Carlos Bispo de Souza, 60 anos, o Coxinha. Frequentador assíduo do Jardim Olavo Bilac, em São Bernardo, e do Estádio 1º de Maio, que curiosamente fica no bairro, e não na Vila Euclides, ali ao lado, Coxinha é responsável por agendar os jogos entre os times de futebol amador do município.

“Esse apelido já me causou alguns transtornos, pois quando alguém me chamava no estádio, pensavam que estavam ofendendo os policiais”, conta Coxinha sobre a alcunha, que surgiu quando ele tinha 13 anos. À época, o então menino José Carlos trabalhava de engraxate na porta de faculdade do município e decidiu montar um time de futebol com os colegas de profissão, logo apelidado de Os Salgadinhos. Esta foi a primeira equipe de futebol da qual participou, ou seja, o começo de uma vida inteira dedicada ao esporte que é paixão nacional. E, como não podia deixar de ser, cada jogador do time tinha o nome de um salgadinho, e ele ficou com Coxinha.

“Se tem uma coisa que prezo nessa vida é a amizade. Só estou aqui hoje porque sempre tive muitos amigos e conheço bastante gente, desde as quebradas ao Centro”, contou Coxinha sobre sua popularidade no bairro.

Depois de ter jogado no Corinthians de São Bernardo e no Jardim Esmeralda, há mais de 16 anos esse apaixonado por futebol passou a auxiliar os amigos de profissão a marcar os jogos da cidade. “Para mim, é uma terapia. Gosto muito do que faço”, destacou.

FAMÍLIA E CHURRASCO

Mas a bola não é o único amor de Coxinha. As três filhas e o churrasco também são prioridades em sua vida. A estudante de Engenharia Mecânica Amanda, 19, a professora de Matemática Fernanda, 35, e a enfermeira Carla, 37, são os orgulhos de sua vida.

Além disso, ainda tem o famoso churrasquinho. “Não apenas trabalho com futebol como também sou churrasqueiro. Muita gente me procura por causa desse meu dom”, comentou Coxinha sobre o quanto é conhecido não apenas por ser bom de bola, mas pela habilidade gastronômica que, segundo ele, é um presente de Deus.

“Queria ser uma mosca para poder ir em todas as festas às quais fui convidado neste fim de ano”, afirmou Souza, que não nega a popularidade. “Gostoso mesmo é, no fim do jogo, assar carne e bater papo com a galera”, ressaltou Coxinha, que é feliz fazendo o que gosta e se orgulha por ser conhecido no bairro pelas atividades que mais lhe proporcionam prazer.

Comércio antigo reúne boas histórias

O dono do bar que fica em frente ao Estádio 1º de Maio, no bairro Jardim Olavo Bilac, já atendeu personalidades políticas como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesse comércio que está há 47 anos no mesmo lugar. Para Verivaldo, que também é Silva, assim como Lula, aos 58 anos o que não falta é história para contar. “Aqui funcionam vários estabelecimentos misturados: padaria, mercadinho, lanchonete e bar. Atendo todo tipo de freguesia”, explica o dono do Empório Eliana, que não abre mão da famosa caderneta para fazer as anotações do dia a dia.

“Herdei o negócio do meu pai e faz 37 anos que assumi. Às vezes tenho alguns problemas, como qualquer outro estabelecimento do tipo, mas, no geral, aqui é tranquilo”, comentou Silva.

Com o bom movimento que sempre registrou devido ao estádio de futebol, Silva diz que se lembra de Lula e dos demais ‘companheiros’ grevistas em seu bar, ainda que rapidamente, depois das grandes assembleias que realizavam em frente ao 1º de Maio no fim da década de 1970 e início da década de 1980. “Eles não ficavam muito tempo por aqui. O Lula pode até não se lembrar disso, mas eu me lembro, não tem como esquecer”, destacou.

“Atualmente não é mais tão movimentado em horário de jogo, porque fomos obrigados a fechar duas horas antes e depois das partidas para evitar confusões e ‘muvucas’ no entorno do estádio”, lamentou o dono do bar.

Para frequentadores do local, no dia em que a velha guarda, formada pelos fregueses mais antigos do estabelecimento, reúne-se para colocar o papo em dia, aquele bar, que não deixa a desejar no espaço, fica pequeno. “O pessoal gosta de se encontrar aqui para contar histórias e relembrar o passado”, garantiu Silva.

No esporte, mas sem pegar na bola

Amor pelo futebol ou por algo relacionado ao esporte faz parte do Jardim Olavo Bilac. O presidente da Liga de São Bernardo, Saul Lino de Souza, 60 anos, conta que a paixão existe desde quando era jovem. No entanto, não necessariamente por chutar a bola. “Joguei algumas vezes e logo vi que aquilo não era para mim. Mas queria estar em contato com aquele universo e logo percebi que gostava mesmo era de ser cartola, ou seja, cuidar da organização, diretoria e assuntos do tipo”, destacou Souza.

Apesar de gostar de atuar na área administrativa, Souza garante que o amor pelo esporte é o mesmo e, para ele, começou na Copa do Mundo de 1970.

Presidente também da Uniligas, torneio regional de futebol amador, o especialista no esporte destaca que já está há seis mandatos como líder e um como vice só na Liga de São Bernardo, o que comprova o respeito e carinho que conquistou na organização. “Para mim, essa é minha segunda família.”

De acordo com Souza, só neste ano a liga realizou sete campeonatos, reuniu 6.000 jogadores e promoveu em torno de 750 partidas. Para ele, esse trabalho voluntariado lhe proporciona diversos prazeres e conquistas.

Um dos fatos dos quais mais se orgulha é que desde que assumiu a presidência, o índice de violência nos campos melhorou bastante. “Antes tinha muita briga, era bem mais violento. Não que não tenha nada agora, pois isso é impossível, mas posso dizer que melhorou 99,9%. Hoje as brigas aqui são quase nulas”, afirmou Souza.

Em meio a todas as conquistas, garantir a sede própria da liga foi a maior vitória, na opinião do presidente. “Para mim, o maior gol que já fiz na minha vida foi conquistar a nossa sede própria. Sei que esse é o sonho de muitos e agradeço todos os dias por tê-lo alcançado”, destacou o presidente.  




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