O Sindserv (Sindicato dos Servidores) de São Bernardo esteve ao lado da administração do prefeito Luiz Marinho (PT) até junho, quando expirou o prazo para o Executivo oferecer proposta de reajuste salarial e não obteve retorno. De lá para cá, dirigentes da entidade passaram a criticar a gestão petista. Entretanto, comenta-se nos bastidores que os sindicalistas ainda continuam na base de apoio do grupo que está no comando da Prefeitura.

Ventila-se que o sindicato adotou julgamento áspero em relação à administração para ganhar força junto ao funcionalismo. Outra consequência da adesão seria dar crédito a Marinho, que apareceria como aliado dos trabalhadores públicos ao conceder reajuste em torno de 6% nos vencimentos no fim do ano.

Apesar dos rumores, o cenário sobre a situação é nebuloso e as informações são desencontradas. Cogita-se que a proposta salarial viria ainda em 2009, mas por diversas oportunidades integrantes da administração, especialistas nas áreas de finanças e orçamento, reiteraram as dificuldades econômicas pela qual passa a Prefeitura este ano.

A saúde financeira da administração, inclusive, é a principal justificativa do governo para a negativa do aumento aos servidores. O contingenciamento de 10% da arrecadação para este período (R$ 230 milhões, dos R$ 2,3 bilhões previstos), anunciado por Marinho no início da gestão, não deve mesmo integrar os gastos do Executivo no fechamento da planilha no fim do ano.

Outra controvérsia acerca do apoio do Sindserv ao prefeito é o fato de que, se ocorrer o reajuste, a conquista seria creditada à entidade que defende os interesses dos funcionários e não à gestão petista, como cogita-se.

"Os resultados obtidos em prol dos servidores será mérito do sindicato", afirma o presidente da instituição, Carlos Roberto da Silva, o Ketu. O dirigente observa ainda que "há muita confusão por parte de algumas pessoas", pois a entidade é formada por muitos militantes do PT.

"Não tem alinhamento nenhum. Se déssemos apoio incondicional ficaríamos parados, sem fazer protestos, mobilizações. Vamos continuar lutando pelos interesses dos trabalhadores. Nossa posição já fez com que a direção do partido, a bancada do PT na Câmara e os deputados da região procurassem o Marinho para atender nossa demanda. Nós não estamos brincando", completou Ketu.

O Sindicato dos Servidores de São Bernardo apoiou a candidatura de Marinho no ano passado. A partir do dia 16 de junho, data-limite para que o Executivo ofertasse o reajuste e como o Sindiserv recebeu 0% de aumento, os sindicalistas iniciaram uma série de manifestações, com distribuição de panfletos à população sobre o caso, além de criticarem abertamente o prefeito Luiz Marinho.

VERBA DA CÂMARA - O Sindserv solicitou à Prefeitura estudos sobre a verba que pode sobrar da Câmara e ser devolvida aos cofres municipais no fim do ano. Mas dificilmente esses recursos serão revertidos em benefício dos servidores, como quer a entidade - ainda não há previsão dos gastos para este ano. Em 2007, o Legislativo devolveu à administração R$ 11,6 milhões do repasse de R$ 40,1 milhões dado à Casa pelo Executivo.