Tássio, ex-meia do Santo André, descobriu que Guilherme da Silva Sales, de oito anos, um dos pequenos talentos do Santos/Meninos da Vila na Copa Diarinho, leva jeito de craque. Os torcedores e colegas o conhecem pelo apelido Robinho na escolinha de Santo André comandada pelo coordenador Allan Wagner. O menino é tão ligado na figura do Reizinho do Manchester City e da Seleção Brasileira que usa o número sete nas costas. "Aí Ele me fala que um dia será igual ao Robinho. Que se ficar rico pretende me dar móveis novos e uma casa muito bonita. E que pretende comprar um carro simples. Sem nenhum luxo", orgulha-se Cristiane Batista, ao revelar o tamanho do sonho do filho que, além de Robinho, se liga na coreagrafia de Kaká, atualmente no Real Madrid. A mãe trabalha o dia inteiro para sustentar a família. Ela mora na Favela Tamarutaca.

Ao adotar Guilherme para protegê-lo e orientá-lo na vida, Tássio também levou em conta, principalmente, a rotina pobre de um garoto que vê no futebol a esperança de um futuro melhor. Só que Tássio, um dos personagens do Santo André na Copa do Brasil de 2004 - marcou contra o Palmeiras um dos golaços da classificação à semifinal - procura mostrar que a estrada para o profissionalismo é sempre imprevisível.

"Digo ao Guilherme para não sair do caminho correto. Às vezes, você pensa que é tudo, mas de repente vê não é nada. Aconteceu comigo. Então, sei o que falo", assume o ex-baladeiro, que aguarda outra proposta para retornar à Grécia nos próximos dias.

Tássio reconhece que tropeçou demais no passado. Segundo ele, ficaram as lições que agora o ajudam a dar bons conselhos aos guris que dão os primeiros passos. "O tio dele (Alan) e os avós (Amaro e Euvaldo) estão sempre comigo nos meus treinamentos e levam Guilherme para ver as minhas jogadas. Ele é cheio de habilidade", elogia Tássio, ao analisar o estilo da irreverente ferinha, exemplar aluno do segundo ciclo da EMEI Monsenhor do Rego Cavalcanti.