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Brasil encontra clima perfeito para amistoso com Panamá

Sem protestos, torcida de Goiânia vibra com
a equipe e aumenta confiança dos jogadores

Anderson Fattori
Enviado a Goiânia
03/06/2014 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


A Seleção Brasileira encontrou em Goiânia clima perfeito para iniciar a preparação para a Copa do Mundo. Ao contrário do que ocorreu no Rio de Janeiro, desta vez o time não teve de enfrentar manifestações populares. Muito pelo contrário. A equipe treinou ontem, no Estádio Serra Dourada, local do amistoso de hoje, às 16h, contra o Panamá, abraçada por 13 mil torcedores, que apoiaram cada lance do time canarinho.

Logo de cara, a grande novidade. Sem hesitar, Felipão escalou Ramires para a vaga de Paulinho, que foi poupado e nem viajou com o time para Goiânia, assim como o zagueiro e capitão Thiago Silva e o volante Fernandinho, que também ficaram na Granja Comary, em Teresópolis, no Rio de Janeiro.

Na atividade, a única aberta ao público antes do Mundial, cumprindo exigência da Fifa, Felipão posicionou os titulares contra time invisível, enquanto os reservas treinavam finalizações. A atividade foi leve e durou cerca de uma hora e 30 minutos.

Segundo o treinador, o time que vai entrar em campo seguramente não será o que vai terminar. Felipão pretende fazer as seis alterações que tem direito e usar a partida como um teste, em especial para o confronto contra os mexicanos, o segundo da Copa do Mundo.

“Quando escolhemos o Panamá foi pensando no estilo de jogo deles, que é bem parecido com o do México. Os panamenhos, aliás, poderiam muito bem estar no Mundial, já que foram eliminados nos instantes finais do jogo contra os Estados Unidos”, comentou o treinador, lembrando da última rodada do hexagonal final das eliminatórias da Concacaf, quando os panamenhos venciam os norte-americanos por 2 a 1 até os 42 minutos do segundo tempo, mas sofreram a virada e perderam a chance de virem à Copa.

Além de testar o posicionamento tático do time, Felipão quer ver como os jogadores vão se comportar depois da bronca que eles levaram após o treino de domingo, em Teresópolis, quando o treinador expôs publicamente que a equipe não rendeu o que era esperado.

“Dei bronca porque percebi que o que eles (jogadores) mostraram em campo foi muito menos do que podiam fazer. Foi um treino frouxo, os laterais não marcaram como deveriam e demos muitas oportunidades de contra-ataque, o que não pode acontecer na Copa. É minha função lembrá-los que precisam estar atentos o tempo todo e espero uma resposta já no amistoso de amanhã (hoje)”, comentou Felipão.

O teste contra o Panamá será o penúltimo antes da Copa do Mundo. O Brasil ainda vai encarar a Sérvia, sexta-feira, no Estádio do Morumbi, em São Paulo, antes de se concentrar exclusivamente na estreia do Mundial, dia 12, contra a Croácia, na Arena Corinthians.


Felipão deixa escapar ansiedade e pede que bola role logo na Copa
Técnico foi simpático na entrevista coletiva, antecipou cobradores de falta, de pênalti e pediu atenção com a surpreendente equipe de Camarões


Não são apenas jogadores que cansam de ficar apenas treinando. Felipão deixou claro ontem, durante entrevista coletiva, que não aguenta a ansiedade pelo início da Copa do Mundo e quer que a bola role logo no Mundial.

“Tem dia que estou superbem, calmo, à vontade. Não me preocupo com os jogos, mas quando dá alguma coisa errado não durmo direito. Fico pensando em uma solução. Minha vontade é que comece logo essa bagunça e ver se vai ou racha”, comentou o treinador.

Felipão se mostrou mais paciente na entrevista, talvez pela novidade que antecipou pela manhã, quando deixou escapar que será avô. Nem mesmo nas perguntas mais apimentadas ele elevou o tom.

O treinador antecipou até mesmo quem serão os responsáveis pelas bolas paradas. “As faltas mais perto da área temos o Neymar. Um pouco mais de longe, o Daniel (Alves) e o David (Luiz). Pênalti, o grupo sabe quem são os três primeiros, Neymar, Fred e Marcelo, nem adianta olhar para mim e pedir para bater. Só se nenhum dos três estiver em campo.”

As únicas coisas que incomodaram o treinador foram o sol, que pegava em seu rosto no início da entrevista e, depois, barulho de helicóptero. Ele ficou sério também quando o assunto foi a surpreendente seleção de Camarões, que conquistou improvável empate (2 a 2) com a favorita Alemanha, em amistoso.

“Vi o jogo e constatei que Camarões tem um time muito bem organizado, reflexo do seu treinador, que é alemão (Volker Finke). Quem acha que o Brasil vai jogar contra Croácia, México e Camarões e será o primeiro colocado do grupo está muito enganado. Teremos muitas dificuldades nessa primeira fase e quero que todo mundo, desde jogadores até os torcedores, entendam isso”, encerrou.


Seleção define numeração e Neymar vai usar a camisa 10
Técnico diz que interferiu quando dois atletas pretendiam usar a mesma identificação


Jogar com a camisa 10 da Seleção Brasileira já é um feito memorável. Em uma Copa do Mundo, faz com que qualquer jogador fique marcado para o resto na vida. Eternizado por Pelé, o número vai vestir justamente o principal destaque do time do técnico Luiz Felipe Scolari, o craque Neymar. A numeração oficial do Brasil na Copa foi divulgada ontem pela CBF.

Os jogadores praticamente repetiram a numeração usada no ano passado, durante a Copa das Confederações, mas teve caso de dois atletas desejarem o mesmo número, precisando de intervenção de Felipão, que evitou citar os nomes.

“Em princípio, já tínhamos a numeração desde a Copa das Confederações, depois trocamos alguns nomes e adaptamos, já que a Fifa exige que seja de 1 até 23. Quando acontece, por acaso, de dois jogadores gostarem do mesmo número, quem decide sou eu, de acordo com o meu gosto. Daí acabou o assunto e ninguém diz mais nada”, explicou o treinador.

Entre as mudanças está a da camisa do atacante Hulk, que vestiu a 19 na Copa das Confederações e agora herdou a de número 7, que era de Lucas, que não foi chamado para o Mundial. Paulinho, escolheu atuar com a de número 8, que era de Hernanes, que acabou ficando com a 18.

Felipão tratou de minimizar a briga de ego entre os jogadores e usou palavras do volante Paulinho para mostrar ao grupo o que importa.

“Estava conversando com o Paulinho e ele me disse que estava feliz por ter sido escolhido e não por poder escolher. Acho que esse é o espírito e o grupo está entendendo isso cada vez mais”, ressaltou Felipão, que discutiu a numeração com os atletas no início da preparação. “Eles já sabiam, mas pedi para guardarem segredo e fui atendido. Bom saber que posso confiar”, finalizou Felipão.


Torcida faz a festa em Goiânia e eleva confiança da Seleção Brasileira
Goianiense enfrenta filas e cambistas, mas não mede esforços para acompanhar a preparação do Brasil para a Copa


Nada, absolutamente nada tira a alegria do torcedor goianiense quando o assunto é Seleção Brasileira. Nem as intermináveis filas para retirar os ingressos para o treino de ontem, no Estádio Serra Dourada, ou os oportunistas cambistas que tentavam vender os bilhetes após as distribuições gratuitas terminarem. Todos só queriam ver Neymar e companhia no gramado.

Quando o time entrou em campo a euforia e a gritaria foram inevitáveis. Os olhos frenéticos dos torcedores procuravam o atacante do Barcelona, estrategicamente o último a aparecer.

Mas para prestigiarem a Seleção Brasileira, muitos goianienses tiveram que se sacrificar. Wellington Baiano, 31 anos, é operador de caixa e precisou trocar o dia no serviço para trazer o filho Lucas ao treino. “É a primeira vez que ele vê o Neymar de perto. Não tinha como não trazer e meu chefe vai entender a situação”, prevê o torcedor.

A dona de casa Claudia Onorega, 43, lembrou que essa será a única oportunidade de ver a Seleção Brasileira, já que Goiânia não está entre as 12 sedes da Copa do Mundo. “Não vai ter Mundial aqui, então fiz de tudo para vir ao treino e amanhã (hoje) vou ao jogo. Estou muito feliz e confiante no hexa”, disse.

Os 13 mil torcedores que conseguiram entrar no estádio não pararam de apoiar o time em nenhum momento, como se fosse em um jogo de verdade. Cada gol era vibrado como nunca e essa disposição foi premiada já que, no fim, Neymar chutou uma das bolas em direção aos fãs.

Felipão aprovou o clima em Goiânia e disse que se sente à vontade na cidade. “Trabalhei no Goiás e no Atlético (Goianiense). Tenho um sócio aqui, algumas relações comerciais e amizades muito boas, que me fazem bem”, comentou o treinador.


RETROSPECTO

Se Felipão e os jogadores da Seleção Brasileira se sentem à vontade em Goiânia, têm motivo. Em 13 partidas disputadas na cidade, o Brasil nunca foi derrotado – são 11 vitórias e dois empates. E sempre quando atua no Estádio Serra Dourada leva boas recordações.

O Brasil só não conseguiu superar Honduras em 1995, amistoso que terminou em 1 a 1 debaixo de muita chuva, e em 2011, quando ficou no 0 a 0 com a Holanda, também em teste.

Na última vez que o Brasil esteve na cidade foi no jogo de ida válido pelo Superclássico das Américas de 2012, disputado contra a Argentina. Apesar de ser escalado por jogadores que atuam apenas no futebol brasileiro, o time foi bem e saiu de campo com a vitória por 2 a 1. Do elenco atual, apenas o goleiro Jefferson, do Botafogo, e Neymar, que defendia o Santos, estiveram em campo. O atacante, aliás, fez o gol da vitória, cobrando pênalti. 




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