Setecidades Titulo Sem solução
Inquérito sobre morte de jovens desaparece de fórum

Apuração de caso envolvendo PMs de S. Bernardo é esquecida

Rafael Ribeiro
do Diário do Grande ABC
27/07/2012 | 07:00
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Passados sete meses da morte de dois jovens de 17 anos por policiais militares no bairro Demarchi, em São Bernardo, os pais e entidades de Direitos Humanos pediram ontem ajuda ao MPF (Ministério Público Federal) na apuração do caso. Isso porque o inquérito aberto no DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) desapareceu no trâmite do Fórum de São Bernardo, segundo os advogados do caso. A Polícia Civil confirma o sumiço.

No dia 30 de novembro, Felipe Macedo Pontes levava na garupa o amigo Douglas Silva em sua CG Titã preta. Segundo a polícia, ambos praticavam assalto, portavam revólver calibre 38 e não respeitaram o pedido para encostar o veículo feito pelos homens da Força Tática. A família desmente a versão.

"O laudo do legista mostra que os tiros foram dados pelas costas, em pontos vitais do corpo", disse o pai de Felipe, o supervisor operacional José Valdo Silva. "Alguém está certo de que eles pisaram na bola e estão tentando esconder o que aconteceu."

Segundo a Polícia Civil, o DHPP fez a investigação do caso e remeteu o inquérito ao Fórum de Santo André ainda sem conclusão. Mas a vara responsável era a de São Bernardo. O documento havia sido encaminhado para dar sequência aos trâmites, com prazo estipulado de 60 dias para o resultado. Isso foi em janeiro. Desde então os advogados não tiveram mais notícias. Sequer existe processo em tramitação do assunto.

Nenhum dos três policiais envolvidos foram punidos pela Corregedoria da Polícia Militar, que julgou o caso como legítima defesa, apesar da ausência de laudos que comprovem a troca de tiros. Os responsáveis pela investigação na Capital disseram que abririam outro inquérito. A promessa não satisfaz quem ajuda a família.

"Eles não ouviram nenhuma das testemunhas, nem usaram as imagens das câmeras de segurança próximas", disse Ariel de Castro Alves, presidente da Fundação Criança. "A apuração de homicídios envolvendo policiais pelo DHPP serve para a secretaria controlar melhor o que acontece, de acordo com suas vontades", opinou.

Segundo Alves, foi dado prazo de 15 dias para que a SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) se manifeste. "Se o Estado continuar a se omitir, vamos pedir a federalização da investigação", prometeu. Ontem, o procurador da República, Matheus Baraldi Magnani, foi informado do caso.

Enquanto isso, a dor de perder um filho e não ver o caso elucidado continua presente. "Eles subestimam a nossa inteligência. Se fosse o contrário e eu matasse o filho de um deles, certamente já estaria preso ou morto. Não tenho mais como confiar na polícia", disse Silva.




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