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Especialista não aprova comercialização do tamiflu

Possível banalização do diagnóstico pode provocar consumo inadequado; farmácias da região ainda não têm antiviral

Por Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
15/07/2012 | 07:00
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Determinação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou na semana passada a venda em todas as farmácias brasileiras do oseltamivir, comercialmente conhecido como tamiflu, medicamento utilizado no combate ao vírus da gripe.

O objetivo do governo federal é facilitar o acesso ao remédio, já que a retirada pela rede pública é burocrática e lenta. No entanto, o médico infectologista Hélio Vasconcellos não concorda com a medida. Na visão do especialista, a mudança implicará no uso inadequado da medicação, que só é recomendada para casos específicos e precisa ser ministrada logo após os primeiros sintomas do vírus H1N1, popularmente conhecido como gripe suína.

Mesmo com a exigência da prescrição médica, o infectologista da Faculdade de Medicina do ABC avalia que a margem de erro será maior que a de acerto. O uso da droga será vantajoso apenas nos casos mais raros de constatação da doença. "O perigo é que o remédio seja utilizado de forma aleatória por pacientes que não precisam. Espero que os colegas (de profissão) não errem, mas certamente terá falha de diagnósticos. Essa liberação vai estimular o alvoroço na população", prevê.

O tempo gasto com consulta médica e compra da medicação pode ultrapassar o limite para ingestão do antiviral, que é de até 24 horas após aparição dos primeiros sintomas do vírus H1N1. São comuns febre alta e dor na nuca.

Apenas neste ano a gripe suína matou cerca de 120 pessoas nos três Estados da região Sul do País. A transmissão do vírus aumenta durante o inverno, especialmente em ambientes fechados e aglomerados.

Apesar do alarde, a maioria das farmácias consultadas na região ainda desconhece a medida, publicada na quarta-feira. Nenhuma das visitadas tinha a medicação para venda. Nas próximas semanas, quando iniciar a comercialização, o remédio custará cerca de R$ 195 e terá dez comprimidos, suficientes para o tratamento completo.

Em 2009, o Estado registrou 12 mil casos e 578 óbitos por gripe suína. Na região, foram cerca de 700, sendo 50 mortes. No ano seguinte o número caiu para 89 casos e 15 óbitos no Estado e apenas um no Grande ABC, em São Bernardo. Neste ano não foram registrados casos da doença.




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