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Famílias de Ribeirão Pires voltam para área de risco
Por Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
10/07/2012 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Passados cerca de dois anos e meio, moradores da Rua do Embaixador, em Ribeirão Pires, voltaram a ocupar área com risco de deslizamento. Em dezembro de 2009, parte da Rua São Tomé, que fica acima da via, no Morro do Embaixador, deslizou, o que fez a Defesa Civil interditar dez casas.

A dona de casa Regina dos Santos, 41 anos, morou com o irmão por dois meses. Sem receber auxílio emergencial da Prefeitura, voltou para seu imóvel, onde vive até hoje. "Não tinha como pagar aluguel. Fiquei fora provisoriamente, morando em três cômodos com 10 pessoas. Estava sem condições, por isso acabei voltando."

Regina disse que o deslizamento destruiu um quarto no fundo da casa. Mesmo estando em área de risco, ela não pensa em deixar o local. "Todos os moradores daqui ficam com medo quando chove forte, mas temos que confiar porque garantiram que não tem mais perigo. Só saio daqui se a Prefeitura pagar aluguel de outra casa para mim. Caso contrário, vou ficar", disse.

A situação da aposentada Cleonice Gomes Batista, 62, é ainda pior. Ela paga R$ 300 de aluguel para viver com o marido em residência interditada há aproximadamente um ano. O imóvel fica localizado entre as ruas do Embaixador e São Tomé, exatamente ao lado do barranco que deslizou. "Depois que a rua desceu, a proprietária saiu e alugou para nós."

Cleonice afirma não ter medo de morar no local. "Nunca mais aconteceu nada parecido aqui", disse. No entanto, a aposentada garante que está procurando outro lugar para viver. "Todos os dias vamos atrás de casa para alugar, mas está difícil. Não acho nada no valor que pago aqui. A maioria é acima de R$ 400. Minhas coisas estão todas encaixotadas, assim que conseguir outro imóvel, vou embora", explicou.

A Prefeitura informou que, de acordo com a Defesa Civil de Ribeirão Pires, nos casos de interdição total os proprietários são notificados sobre a necessidade de deixar o imóvel. Caso isso não ocorra, a família assume a responsabilidade por eventuais ocorrências.


Moradora não recebe benefício desde maio

A família da contadora Roseli Freitas, 26 anos, é uma das poucas que deixou o imóvel interditado na Rua do Embaixador, em Ribeirão Pires, após o deslizamento. Hoje vive na Vila Mara e paga R$ 450 por uma casa menor que a sua.

O valor do benefício da Prefeitura é de R$ 300. No entanto, Roseli afirma que não recebe o dinheiro desde maio. "Já é difícil com o auxílio. Sem isso, fica ainda pior", disse.

A Prefeitura afirmou que fez a renovação do convênio e aguarda a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) fazer a verificação de todas as casas interditadas na cidade para continuar pagando o auxílio moradia emergencial. A administração municipal não informou quando o procedimento será concluído.

Roseli só pode voltar à antiga residência quando a Prefeitura terminar a construção de muro de arrimo para evitar novos deslizamentos. A obra foi executada parcialmente, mas ainda precisa ser ampliada porque existem imóveis em área de risco. A administração municipal informou que está em andamento o processo para execução de mais uma etapa das intervenções, mas não divulgou quando o trabalho será retomado.

"Tiraram a gente com a promessa de que voltaríamos em um ano. Agora, já passou mais de dois anos e nada foi feito", reclamou Roseli.




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