Setecidades Titulo Saúde
Cirurgia de quadril
demora dois anos

Essa é a espera no Hospital Mário Covas, em Santo André; a
colocação de próteses registra 250 pacientes na expectativa

Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
09/07/2012 | 07:00
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A espera por cirurgias de colocação de prótese no quadril no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, pode chegar a dois anos. O procedimento, caro e de alta complexidade, é feito oito vezes por mês. O superintendente Desiré Callegari estima que cerca de 250 pacientes integrem a fila de espera. Estes, em sua maioria, sofreram graves desgastes ósseos e de cartilagem causados por artrite crônica, osteoporose, entre outras doenças e lesões.

O dado fornecido ao Diário é preliminar. Callegari não divulgou o número total de pacientes nesta situação. A superintendência realiza triagem na lista de pacientes que aguardam cirurgias, já que muitos podem ter conseguido por outros meios ou até falecido. O ranking atualizado, dividido por especialidade, será entregue à Secretaria Estadual da Saúde. O objetivo é disponibilizar no site do hospital (www.hospitalmariocovas.org.br) até o fim do mês em qual posição de espera está cada um dos pacientes. O acesso será feito pelo número de inscrição.

A medida atende antiga reivindicação dos usuários, que alegam desorganização e falta de transparência no repasse de informações. Muitos não têm previsão de quando serão chamados ou sequer sabem se constam na lista de espera. Cirurgias ortopédicas, vasculares, oncológicas, ginecológicas e neurocirurgias estão entre as mais requisitadas.

Ante o alto número de pacientes nesta situação, Callegari aposta na transformação do perfil assistencial do Mário Covas para aumentar a capacidade de cirurgias graves em até 20%. O número atual é de 600 mensais. A meta é escoar a demanda de procedimentos cirúrgicos de menor complexidade (hoje são feitos 400 por mês) e consultas ambulatoriais para os dois AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades) da região, criados em Santo André e Mauá pelo governo estadual.

Desta forma, o hospital se tornará, finalmente, referência apenas para casos graves e urgentes. Callegari prevê alcançar essa condição até 2014. "Se nos tornarmos referência na região nesta área, teremos dinheiro novo para incrementar o orçamento. Poderemos melhorar o atendimento com minimização de sequelas e ficamos mais independentes de outros centros", destacou. Atualmente o orçamento do Mário Covas gira em torno de R$ 120 milhões ao ano.

O  pontapé inicial já foi dado. Desde que foi cancelada a marcação de consultas em dez especialidades, há três meses, o número de procedimentos mensais caiu de 18 mil para 12 mil. A ideia é chegar em 6.000 até o fim do ano. Além disso, o Estado já liberou verba para adequação do heliponto do hospital - que recebe pacientes em estado grave por helicóptero. Hoje os pousos são improvisados no pátio, o que limita a capacidade.

Outra parte do recurso, ainda não mensurado pelo hospital, será empregado na troca dos equipamentos, já que muitos são utilizados desde a inauguração do centro médico, há dez anos. Ampliação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) também está nos planos. Atualmente o hospital tem 42. Somados aos de internação, são 309 ativos e outros 25 que estão em reforma.

Regulação de vagas está entre as prioridades

A já conhecida dificuldade de aliar as necessidades das redes municipais de Saúde ao serviço oferecido pelo equipamento estadual pode estar perto do fim.

Se depender da gestão do superintendente do hospital, Desiré Callegari, que assumiu a função em janeiro, o esquema de favorecimentos de vagas nos bastidores será combatido. Ainda que com atraso. Inicialmente, a listagem on-line dos que aguardam cirurgias seria disponibilizada em fevereiro. Mas o procedimento esbarrou na lenta tarefa de realizar a contagem dos pacientes.

"Temos de ser transparentes. Não existe privilégio. Atendemos o que é necessário. Há demanda de todos os municípios. Não há como atender demanda infinita. Somos obrigados a atender casos de urgência."

A Central de Regulação de Vagas e Serviços é controlada pela Secretaria Estadual da Saúde.




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