O envolvimento do P-SOL com as entidades da sociedade civil e movimentos sociais, em sua maioria ligados ao PT, não deve ser rompido. Ao menos, assim pensa o principal representante do P-SOL no Grande ABC, o deputado federal Ivan Valente, ex-petista. A avaliação do parlamentar foi feita neste domingo no auditório da Câmara de Santo André, durante lançamento do núcleo do partido na cidade.

Apesar das reclamações de alguns militantes de esquerda à postura de entidades como a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a CUT (Central Única dos Trabalhadores), Valente é contra a ruptura do P-SOL com estes setores. “Precisamos conquistar a confiança da sociedade e dos movimentos populares”, disse o deputado, que citou o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) como “um dos movimentos que mais encarna a idéia de transformação social do país”.

O parlamentar destacou ainda que “essas questões (rompimento) ainda não foram discutidas no P-SOL” e reclamou do radicalismo de alas do partido. “Hoje, se vota de determinada maneira o cara já é chamado de traidor. Política é muito mais grave que isso”, desabafou.

Para além da autocrítica à esquerda, não faltaram reclamações de Valente e dos outros participantes ao governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Valente, por exemplo, não considera mensalão ou quebra de sigilo bancário como os piores atos da administração federal. “Talvez o maior crime do governo Lula seja a desmobilização das forças de mudança social.”

Além de Valente, participaram do lançamento e organização do núcleo andreense do P-SOL um dos dirigentes nacionais do partido, Gilberto Franca, e o presidente estadual do PCB, Cesar Rasec, entre outros. Cerca de 40 militantes estiveram no local, inclusive recém-desfiliados do PT e militantes do PSTU.

A coordenação municipal da sigla, com 18 representantes, foi escolhida neste domingo. O ex-vereador pelo PT de Santo André Ricardo Alvarez é o vice-presidente da sigla, que agora discutirá uma candidatura a deputado da cidade.