O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, voltou a atacar o PSDB durante comício realizado no sábado à noite, em Icapuí, litoral do Ceará. “O governo do presidente Lula tem que fazer superávit e isso significa retirar R$ 40 bilhões do orçamento para pagar juros da dívida que os tucanos deixaram”, disse. E disparou em seguida: “eles (tucanos) dobraram os juros do Brasil, aumentaram os impostos em 10%, o que significa tirar R$ 150 bilhões do povo todo ano; venderam R$ 100 bilhões do nosso patrimônio e pagaram juros com esse dinheiro porque fizeram uma política de juros altos”.

Indiretamente, Dirceu acusou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) de deixar o Banco do Nordeste (BNB) “em frangalhos”. Tasso, em entrevista na semana passada, chamou Dirceu de “desequilibrado” e disse que não o levaria mais a sério.

No Ceará, Dirceu não falou com a imprensa e nem quis comentar com os jornalistas as críticas feitas por FHC e nem por Tasso. Também recusou-se a confirmar se o presidente Lula o afastou das negociações sobre o projeto das PPPs (Parcerias Público-Privadas).

Sábado pela manhã, durante almoço de adesão à campanha do deputado federal Inácio Arruda (PC do B) à Prefeitura de Fortaleza, ele fechou a boca para os repórteres e reclamou do assédio. À noite, em Icapuí, cidade do litoral Leste cearense que é administrada pelo PT há 20 anos, desde sua emancipação, ele chegou avisando que não iria dar entrevistas.

No palanque, diante de um público de três mil pessoas, o ministro era a principal atração. Chegou a irritar-se quando ouviu o nome do candidato a prefeito pelo PT, Neto, ser anunciado para discurso primeiro que ele. “Não posso falar depois do prefeito”, reclamou ao pé do ouvido de José Airton, ex-prefeito da cidade.

Mesmo contrariado, Dirceu encerrou o comício. Começou, meio poético, fazendo elogios à cidade: “Icapuí está mais bonita. O vento está mais gostoso, a Lua está mais bonita. E o povo está mais alegre”. Depois, falou da “dureza” que é a vida para justificar as medidas impopulares que o governo tem adotado.