Cultura & Lazer Titulo
Antônio Nóbrega e Paulinho da Viola tocam para 8 mil
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
24/11/2002 | 18:23
Compartilhar notícia


Antonio Nóbrega prometeu e cumpriu. O cantor, compositor e multiinstrumenta fez o público dançar domingo na praça da Paz do parque do Ibirapuera no show Antonio Nóbrega & Banda, que contou com a participação especial de Paulinho da Viola. Uma apresentação alegre e vibrante.

Com diversos gêneros musicais como choro, ciranda, coco, frevo e xote no repertório, Nóbrega contagiou a platéia de aproximadamente 8 mil pessoas – número estimado pela assessoria de imprensa do evento. A Zabumbau – Orquestra Jovem de Percussão Brasileira também subiu ao palco, assim como a bailarina Rosane Almeida.

Nóbrega abriu o show com Ponteio Acutilado (primeira música dele composta para o Quinteto Armorial, do qual fez parte). Seguiram-se duas cantigas de domínio público recriadas por Nóbrega (Truléu da Marieta e Truléu, léu, léu, léu).

Em Chegança (Antonio Nóbrega e Wilson Freire), o pernambucano apresentou uma visão ao mesmo tempo bem-humorada e poética – e que não se dá à superficialidade – de nação brasileira. Na letra, um índio observa a esquadra de Pedro Álvares Cabral aportar: “Me levantei/ de borduna já na mão/ Ai, senti no coração,/ o Brasil vai começar”.

A polca Canjiquinha, o xote Desassombrado, e o coco Mestiçagem precederam Lunário Perpétuo, em que a Zabumbau transformou o palco numa daquelas arretadas festas populares nordestinas.

Com a banda de Nóbrega, Paulinho cantou Coração Leviano e Timoneiro, dois sambas que já nasceram clássicos. Com a presença de Nóbrega, tocou o choro Cochichando, de Pixinguinha. Tocaram, também, Miudinho (“Se você quer dinheiro/ eu não tenho não/ se você quer carinho/ estou de prontidão”, diz a letra), uma chula recolhida pelo sambista Burcy Moreira originária provavelmente da Bahia.

Preservar a memória significa cuidar da própria cultura. O encontro inédito entre o pernambucano Nóbrega e o carioca Paulinho reafirmou a riqueza da tradição musical nacional – são dois símbolos da autenticidade da cultura brasileira.

A seqüência de frevos de Capiba, completada por Vassourinhas, espécie de hino do Carnaval de Recife, incendiou o público. Um pot-pourri de cirandas contagiou a platéia – parte dela que deu as mãos para formar rodas e cirandar. O senador eleito Aloízio Mercadante (PT-SP) estava presente.

Nove instrumentistas – acordeon, baixo, flauta, cavaquinho, clarinete, percussão, sax, violão – formaram a banda de Nóbrega, o que dá a dimensão da riqueza sonora entregue à platéia. A eles se somaram os quatro músicos chamados de Recife por Nóbrega e aos 18 integrantes da Zabumbau.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;