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Crescem denúncias ao 181

Números do Instituto S.Paulo Contra Violência mostram que
houve aumento nas ligações entre janeiro e março deste ano

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
03/06/2012 | 07:00
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Criado em 2000 para possibilitar que pessoas comuns pudessem ajudar as polícias no combate ao crime, o Disque-Denúncia conquistou a confiança da população do Grande ABC. Números do Instituto São Paulo Contra a Violência, organização que administra o serviço, mostram que houve aumento nas ligações para o número 181 entre janeiro e março deste ano comparando o mesmo período em 2010 e 2011.

No primeiro trimestre, foram recebidas 2.672 ligações das sete cidades. O número revela tendência de crescimento, já que de janeiro a março de 2010 foram 2.227 chamadas e, em 2011, e 2.567.

"A polícia hoje está mais moderna. Uma das principais formas de se combater o crime é ter informação. E quem pode nos passar é quem está próximo de onde se dão as ocorrências. É de fundamental importância a participação das comunidades", avalia o coronel José Belantone Filho, comandante da Polícia Militar em São Bernardo, cidade onde mais foram registradas denúncias.

Em média, o Disque-Denúncia recebe 30 denúncias por dia da região. A maioria é sobre pontos de tráfico de drogas. Esse tipo de crime também é o principal alvo em todo o Estado. Segundo o Instituto, 47% das chamadas são referente à venda de entorpecentes.

"Mas não são as únicas", ponderou Mário Vendrell, gerente de projetos da organização. São mais de 60 tipos de delitos relatados. Aparecem com destaque a prática de jogos de azar, maus-tratos contra crianças, idosos e animais, pessoas procuradas pela Justiça e porte ilegal de arma.

"O tráfico gera uma série de outros crimes. Os usuários muitas vezes precisam de dinheiro para sustentar o vício e por isso cometem vários tipos de delitos. Combatendo o tráfico, conseguimos inibir outros", apontou Belantone.

Segundo os dados da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) sobre as ocorrências registradas nas delegacias de São Bernardo, as denúncias refletem na atuação policial. Nos quatro primeiros meses deste ano foram feitas 156 autuações envolvendo o tráfico de entorpecentes no município. No mesmo período ano passado, foram 124.

"Isso tudo aumenta a credibilidade da polícia junto ao cidadão, pois ele vê o retorno e adquire confiança para colaborar com as nossas investigações", destacou Rafael Rabinovici, delegado seccional que responde por São Bernardo e São Caetano.

Região tem alto índice de casos resolvidos

Se o volume de ligações da região ao Disque-Denúncia cresceu, a resposta das autoridades à participação popular é elogiada. A avaliação é do próprio Instituto São Paulo Contra a Violência, que em novembro premiou as polícias de São Bernardo e São Caetano por serem as que mais solucionam casos denunciados pelo telefone 181 entre as cidades da Região Metropolitana de São Paulo.

A contagem é dividida entre cidades do Interior, Capital e Grande São Paulo. Apesar dos dados dos outros municípios não serem revelados, os números da região chamam a atenção. Desde o início do serviço, em 2000, segundo a Polícia Militar, São Bernardo e São Caetano acumulam 1.879 ligações que geraram algum tipo de prisão. Santo André teve 1.171. Diadema, 1.053. E Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, 606.

"Não podemos colocar um policial em cada esquina. Por isso, é motivo de orgulho que, com a participação da sociedade, o trabalho seja bem direcionado", destacou o delegado seccional Rafael Rabinovici.

Neste ano, os batalhões da Polícia Militar de São Bernardo e São Caetano conseguiram solucionar 10,5% do total de denúncias recebidas. E as autoridades projetam que esse índice, aparentemente modesto, pode apresentar crescimento nos próximos meses. "Nós trabalhamos fardados, em viaturas. Ninguém vai cometer crime na nossa frente. Vão esperar nós sairmos. Por isso, quando a população colocar na cabeça que a sua participação é importante, a tendência é a criminalidade cair ainda mais", disse o coronel José Belantone Filho.

Nenhuma outra cidade da região apresentou índice superior. Santo André teve só 4,9% de denúncias solucionadas. Diadema, 8,4% e Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, juntas, 8,3%.

Para Rabinovici, o alto número de ligações não pode ser usado como parâmetro para comparação com as prisões realizadas, já que um dos problemas crônicos do Disque-Denúncia é o trote. Mário Vendrell, do Instituto São Paulo Contra a Violência, revela que 20% das chamadas ao 181 são falsas. Para piorar, há problemas com falsas comunicações por brincadeira ou simplesmente por motivo de vingança.

"Todas as informações que recebemos são vistas com muito empenho para confirmar ou não sua veracidade", apontou o delegado. "Antes de tomar a decisão de ir ao local precisamos ter sinais claros e cuidado para não expor pessoas ao ridículo. Não adianta ligar só por ligar e não acrescentar nada", completou.

Em um dos casos, por exemplo, a casa de uma senhora era constantemente alvo de denúncias de ser cativeiro por parte dos vizinhos, que estranhavam o fato das janelas e cortinas estarem fechadas o tempo inteiro. "Ela já nos esperava com uma garrafa de café pronto. Acabamos ignorando todos os chamados do endereço dela", disse Rabinovici.

"O sucesso do serviço é justamente garantir o anonimato, mas isso faz com que pessoas de má índole se aproveitem para brincadeiras de gosto duvidoso", explicou Vendrell. Ele aponta para o fato dos picos de trotes acontecerem nos horários de saída de escolas. "Também há confusão com os serviços de emergência, como o 190 da polícia."

"É importante que o cidadão tenha a consciência de que, em um trote, o prejuízo é maior para a sociedade, já que o despacho de viaturas a uma falsa ocorrência gasta o dinheiro do Estado", completou o delegado.

Serviço recebe média de 4.500 ligações por dia no Estado

 

Em 12 anos, o Instituto São Paulo Contra a Violência registrou cerca de 1,5 milhão de ligações. Hoje, o fluxo diário é de aproximadamente 4.500 chamadas. Dessas, média de 500 viram denúncias.

Serviço anônimo, a única exigência feita para quem liga é fornecer endereço. "Sem isso, fica difícil fazer qualquer coisa", apontou Mário Vendrell. Informações auxiliares, como nomes, apelidos e endereços dos suspeitos, também são bem-vindas.

Integrantes da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) ficam junto dos 40 atendentes para avaliar as ligações e encaminhar as denúncias à polícia competente, Militar ou Civil. A pessoa então recebe um protocolo e tem prazo de 30 dias para obter retorno das autoridades.

O serviço, gratuito e disponível 24 horas, é custeado por federações de indústria, comércio e bancos do Estado.




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