Depois de mais de um mês de greve e briga na justiça do trabalho no ano passado, a Trorion S.A., de Diadema, parece não ter mudado em nada sua rotina de atrasos salariais, Segundo empregados da empresa e o Sindicato dos Químicos do ABC, a demora para o cumprimento dos pagamentos aos seus trabalhadores voltaram a se tornar comum no dia-a-dia da fabricante de colchões.

Além disso, grande parte dos funcionários que participaram do movimento grevista foi demitida ou deixou a empresa porque não houve mudanças. Com isso, a luta pelos salários e benefícios enfraqueceu dentro da empresa e os trabalhadores até abriram mão de direitos garantidos pelo TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo).

Segundo um funcionário que preferiu ter a identidade preservada, foi passada uma lista para que os empregados concordassem em deixar de lado o recebimento da multa de R$ 1 mil para cada trabalhador que teve o salário atrasado.

O sindicato confirma o fato. “Eles ainda concordaram com o desbloqueio das contas da empresa”, afirma o sindicalista Wanderley Salatiel. “Estamos preocupados porque só falta abrir mão da penhora das máquinas que deveria arcar com as dívidas trabalhistas”, diz.

O empregado da Trorion ainda conta que isso está sendo possível porque a maioria das pessoas que ficaram na empresa está próxima da aposentadoria e temem perder o emprego. “A gente se pergunta se há justiça no País. É muito lenta e parece que não valeu de nada o que fizemos”, lamenta.