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‘Aurélia’ entra na reta final de filmagens
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
13/10/2002 | 18:23
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Aurélia Schwarzenega entra em sua última semana de filmagens em São Bernardo. A produção dirigida por Carlos Reichenbach fala de um grupo de jovens operárias do Grande ABC que vivem mudanças sociais em uma fábrica de tecelagem em concordata e testemunham um crescente preconceito racial. Chega ao fim depois de nove semanas na região, desde 22 de agosto.

O orçamento é de quase R$ 4 milhões, patrocinado por empresas privadas e captado pela Dezenove, produtora com quem Carlão, como Reichenbach é conhecido no meio cinematográfico, filmou Alma Corsária 1994) e Dois Córregos (1999). A próxima fase é a finalização e estréia está previstsa para 2003, entre abril e maio.

Carlão dá continuidade a seu modo pessoal de perceber a alma feminina, desta vez com jovens tecelãs como personagens centrais. Sua visão personalista sobrndo feminino o acompanha desde Lilian M, Relatório Confidencial (1974), passando por Amor, Palavra Prostituta (1980) e Anjos do Arrabalde (1986), e, recentemente, Dois Córregos.

Em Aurélia, o feminino está presente em uma região delimitada, diluído em dez personagens, cada uma com personalidades distintas, representando um microcosmo das relações humanas que o diretor retrata. O filme se passa no Grande ABC. Na visão do diretor, a região foi a que mais sentiu os efeitos das mudanças econômicas recentes no país, com fábricas se mudando para outros estados e minando a concentração de movimentos sindicais. A fábrica têxtil onde trabalham as personagens do filme, que é artesanal e está em concordata, é uma metáfora deste momento de pós-industrialização.

Aurélia (a estreante Michelle Valle) é uma jovem mulata que ganhou das colegas da fábrica o apelido de Schwarzenega por ser fã ardorosa do astro austro-americano Arnold Schwarzenegger (cuja mãe, coincidentemente, se chama Aurelia). Ela namora Fábio Tavares (Fernando Pavão), um rapaz branco e tão fortão quanto seu ídolo.

Aurélia quer se casar, mesmo contra a vontade do pai Aurélio (Antonio Pitanga), que deseja ver sua filha como esposa de um jovem negro bem-sucedido. O que ela não sabe é que Fábio está cada vez mais envolvido com um grupo de neofascistas desocupados, liderados por Salesiano (Selton Mello), que começa a agir de forma violenta contra homossexuais, nordestinos e negros. Mistura crônica urbana e familiar com ação e pancadaria. Uma tragicomédia social, segundo Carlão.

Os próximos dias de filmagem serão nos estúdios da Cia. Cinematográfica Vera Cruz, exceto o último deles, sábado (dia 19), em Santos. As cenas externas em São Bernardo foram realizadas à noite – ruas e avenidas, e interiores de boate e bilhar – e durante o dia – em uma pedreira e nos galpões desativados da Tecelagem Tognato.




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