Os prefeitos eleitos em 15 de novembro de 1976 tomaram posse em 1º de fevereiro de 1977: no Grande ABC, melancolia na despedida de um lado, planos às vezes mirabolantes dos quase todos novatos
EDITORIAL
“Agora é aguardar a ação dos prefeitos do Grande ABC que tomam posse. São todos do MDB, exceção feita ao de Ribeirão Pires.”
Diário do Grande ABC, 1º-2-1977.
- A maioria quis voltar ao poder
- A parábola de Raimundo da Cunha Leite
- Geisel fecha e reabre o Congresso
- Oposição acena com a Constituinte
- E não é que os prefeitos que ganharam iriam ganhar mais dois anos!
521 – Dos sete prefeitos da região que se despediram em 31 de janeiro de 1977, a maioria dizia não querer retornar ao cargo.
- Antonio Pezzolo, de Santo André: prefeito é um grande pai.
- Geraldo Faria Rodrigues, de São Bernardo: experiência amarga e notável.</CW>
- Walter Braido, de São Caetano: que surjam novas lideranças.
- Ricardo Putz, de Diadema: ser prefeito é carregar uma grande cruz.
- Amaury Fioravante, de Mauá: foi um acidente me tornar político.
- Valdírio Prisco, de Ribeirão Pires: apenas uma mudança de cargo.
- Irinéia José Midoli, de Rio Grande da Serra: consciente do dever cumprido.
521 – O futuro próximo mostraria que, se pudessem, os prefeitos que agora saiam retornariam aos cargos, e correndo: dos sete prefeitos que se despediram em 1977, somente Antonio Pezzolo não voltou a se candidatar no pleito seguinte. Os seis outros enfrentaram as urnas novamente. Apenas dois seriam novamente eleitos, como se verá.
522 – Entre os sete prefeitos que assumiram em 1977, um entusiasmo contido:
- Lincon Grilo, de Santo André: justiça só com desenvolvimento.
- Tito Costa, em São Bernardo: combate à indisciplina e ao ócio.
- Raimundo da Cunha Leite, de São Caetano: a parábola da couve e do carvalho.</CW>
- Lauro Michels, de Diadema (o único dos sete novos prefeitos da região que já tinha experimentado o gosto do poder municipal): a colaboração de todos.
- Dorival Rezende, de Mauá: a valorização do trabalhador.
- Luiz Carlos Grecco, de Ribeirão Pires: entendimento entre Executivo e Legislativo.
- Aarão Teixeira, de Rio Grande da Serra: o mais jovem de todos, xodó entre os jornalistas.
Chico Buarque estava lançando seu novo disco de vinil. Um ong play, ou LP, Meus Caros Amigos.
523 – Em nível nacional, a primeira ‘pancada’ veio no começo de abril, após os festejos de 31 de março, que lembravam a revolução golpista de 1964: o presidente Geisel fechava o Congresso Nacional e o programa oficial de rádio, A Voz do Brasil, passava a ser encerrado meia hora antes, apenas com o noticiário do Executivo.
524 – No Grande ABC, os seis prefeitos do MDB – Grillo, Tito, Raimundo, Michels, Rezende e Aarão –, contidos, prudentes, evitaram comentários. A direção nacional do MDB contestava. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) pedia garantia para os direitos humanos.
525 – O breve fechamento do Congresso Nacional tinha um objetivo: promover reformas políticas por meio de decretos, e sem qualquer discussão fora dos limites de um regime de exceção:
- Colégio eleitoral elegeria o futuro presidente da República.
- Haveria eleição indireta para o Senado, com a figura dos senadores biônicos.
‘Reformas’ feitas, o Congresso Nacional foi reaberto em 15 de abril de 1977.
526 – O Diário do Grande ABC se manifestou, em Editorial: “As reformas sem a participação do Congresso parece que cessaram. Com o ato complementar número 103, reabrem-se as portas da Câmara Federal e do Senado, despindo-se o presidente da República (general Ernesto Geisel) das suas vestes de legislador isolado”.
Cf.Diário, 15-4-1977.
527 – Dia seguinte, a manchete do Diário abria espaço ao líder do MDB, deputado federal Alencar Furtado: “Infeliz é o povo sem constituição ou contando com uma constituição em que ninguém acredita”.
Cf. Diário, 16-4-1977.
528 – A resposta à oposição viria do líder do governo na Câmara Federal. José Bonifácio pregava a aplicação do Ato Institucional número 5, o temível AI-5 de 1968.
Cf.Diário, 19-4-1977.
Nota – O AI-5 permitia, sumariamente, o fechamento do Congresso, a cassação de mandatos de parlamentares, a suspensão dos direitos políticos de qualquer cidadão. O decreto seria revogado em 1978.
Mais de 40 anos depois, o mesmo AI-5 volta à cena no atual momento político nacional (2021), na voz exacerbada dos mais radicais, que defendem instrumentos semelhantes.
529 – Em 1977, o MDB lançava campanha pela Constituinte. A OAB pedia a revogação do AI-5. Discutia-se a prorrogação, até 1980, dos mandatos de deputados, senadores e prefeitos nomeados pelo regime.
530 - Na verdade, haveria prorrogação dos mandatos de prefeitos e vereadores eleitos em 1976 e que ficariam em seus postos até 1983. Mesmo prefeitos do MDB do Grande ABC, que criticaram a medida, afirmando que renunciaram vencidos os quatro anos, permaneceram nos cargos ao ganhar dois anos de lambuja.
Diário há meio século
Terça-feira, 16 de março de 1971 – ano 13, edição 1486
Manchete – Agricultura e Educação, metas do governo Natel</CF>. Na véspera (15 de março de 1971) tomaram posse o governador Laudo Natel e o vice-governador, Antonio José Rodrigues Filho, nomeados pelo sistema.
Mauá – Edson Lopes assume a Câmara Municipal devido a ausência de João Sasaki.
Campeonato paulista – No domingo, em Santo André, Santo André FC 2, Nacional 2; em Santa Bárbara d’Oeste, União Barbarense 1, Saad 0.
Copa João Ramalho – São Caetano 2, Ribeirão Pires 1, no Estádio Lauro Gomes de Almeida, hoje Anacleto Campanella; São Bernardo 2, Diadema 2, no Estádio Natale Cavalheiro.
Em 16 de março de...
1921 – Sorteio militar, em terceira chamada da classe de 1899. Da região são convocados 19 jovens, entre os quais alguns descendentes de italianos: Antonio Storti, Gino Grotti e Victorio Canever. Outro convocado: Cesário da Luz, de família quatrocentona da Freguesia de São Bernardo.
1941 – Nascimento de Heleny Guariba, uma das fundadoras do Grupo Teatro da Cidade de Santo André e desaparecida política durante o regime militar.
2006 – O advogado Ricardo Lewandowski, de São Bernardo, toma posse como ministro do Supremo Tribunal Federal.
Santo do dia
- Abraão Kidunaia
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