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Queda do dólar atrapalha países com câmbio flutuante
01/11/2009 | 07:08
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Na saída da maior crise econômica global em muitas décadas, o mundo está de novo às voltas com desequilíbrios e falta de coordenação entre as potências que lembram o panorama anterior à turbulência.

A decisão da China, em meados de 2008, de fixar de novo a taxa de câmbio em relação ao dólar, depois de deixá-la passar por um lento e gradual processo de valorização a partir de 2005, está tornando a grande desvalorização da moeda americana um processo de muito mais impacto para países e regiões que deixam suas moedas flutuar, como o Brasil e a zona do euro.

Como diz Edward Amadeo, economista do Gávea Investimentos, "estamos sendo desproporcionalmente afetados". A razão é que além de se valorizar ante o dólar, o real também ganha força em relação ao yuan chinês e a outras moedas de países asiáticos que tentam não perder competitividade perante o seu vizinho gigante.

Dessa forma, alguns dos países que saíram melhores da crise, como o Brasil, estão sendo vítimas do próprio sucesso, com inundação de capitais que tende a sobrevalorizar o câmbio e pode prejudicar a competitividade de produtos industriais nos mercados interno e externo.

A atratividade do Brasil não está somente nas perspectivas de crescimento e lucros melhores do que as dos países ricos, mas é causada também pelo diferencial de juros em relação ao atual nível baixíssimo das taxas do mundo desenvolvido.

Os sinais de que o pior já passou na economia global, e de que o mundo entra na era pós-crise, crescem a cada dia. Com a alta do juro básico da Noruega nesta semana, já são três países, incluindo Israel e Austrália, que iniciaram um ciclo de aperto monetário após as taxas terem caído a níveis recordes.

Os juros futuros apontam que o mesmo pode acontecer em 2010 em vários outros países e regiões, como o Brasil, Estados Unidos, zona do euro e Índia.

Segundo Amadeo, que acompanha a economia global no Gávea, "ainda não há sinal de inflação no mundo". Assim, o início do ciclo de aperto monetário em alguns países, e a indicação de que o movimento vai se disseminar em 2010, derivam do fato de que os bancos centrais, diante do pânico do auge da turbulência, jogaram suas taxas de juros básicas a níveis muito abaixo do que é considerado neutro - isto é, aquele que mantém a economia crescendo no seu ritmo potencial, sem estimular nem desestimular a demanda.




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