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Em Diadema, Filinto resiste em mudar nome

Escola altera fachada, mas mantém emblema antigo; Educação se escora em lei que nem foi votada

Junior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
19/11/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 A EE Senador Filinto Muller, tradicional escola estadual localizada no Centro de Diadema, resiste em abraçar de vez sua nova denominação: EE Professora Sylvia Ramos Esquivel.

O colégio foi rebatizado por força de lei aprovada e promulgada pela Assembleia Legislativa com intuito de retirar nomes de prédios públicos que homenageiam figuras do passado que contribuíram com ditaduras no Brasil.

Embora a fachada da escola tenha sido modificada – uma faixa provisória com a nova denominação foi afixada sobre a placa que estampava o nome do ex-senador que foi aliado das ditaduras de Getúlio Vargas (Estado Novo, 1937-1945) e militar (1964-1985) – e o nome tenha sido alterado no sistema da Secretaria de Educação, emblemas com as iniciais do antigo nome ainda estão pendurados dentro do pátio do colégio, pintadas em portões. Até o uniforme dos alunos ainda homenageia Filinto Muller.

A Secretaria de Educação do Estado, inclusive, se escora em projeto de lei que sequer foi votado para justificar a insistência no nome antigo. Trata-se de proposta de autoria do deputado Coronel Telhada (PSDB), que é policial militar aposentado e já foi comandante do mais alto aparato policial paulista, a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), criada durante a ditadura militar para reprimir militantes políticos que faziam oposição ao regime ditatorial. O projeto está parado nas comissões internas da Assembleia e prevê rebatizar a escola de Filinto Muller.

De acordo com a Pasta, a medida tramita “por apelo da própria comunidade escolar”. Sobre a possibilidade de mudança no uniforme do colégio, o setor informou que “o uso do uniforme, de acordo com o regimento da escola, não é obrigatório”.

POLÊMICA
O Diário mostrou em outubro de 2017 que a troca polemizou o debate na escola e mobilizou alunos e ex-alunos nas redes sociais. Defensores da mudança – proposta pelo ex-deputado estadual Adriano Diogo (PT) – alegam que a troca era necessária para evitar homenagens a figuras públicas que, de alguma forma, contribuíram com regimes totalitários que promoveram repressão e atacaram liberdades individuais no Brasil. Por outro lado, quem integra o time dos que são contra a alteração pondera que a mudança não foi amplamente debatida com alunos e professores e que, além disso, o nome Filinto já faz parte da história do cinquentenário colégio.

Sylvia Ramos Esquivel atuou como professora em Diadema e foi defensora da emancipação do então distrito de São Bernardo. Ela foi casada com o primeiro prefeito da cidade, Evandro Caiaffa Esquivel.




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