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Copa do Mundo é coisa séria!
Por Rodolfo de Souza
21/06/2018 | 07:00
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É domingo e o jogo vai começar. Aconchego no sofá, TV ligada, cerveja no gelo, coisinhas para degustar... E... Haja coração! A expectativa é grande, afinal, é o primeiro jogo do escrete canarinho neste certame, e favoritismo, como se sabe, não ganha jogo. Copa do Mundo é coisa séria e é preciso raça.

E os olhos estão fixos no aparelho, aguardando impacientes a entrada das seleções. São janelas por meio das quais o espetáculo acontece, cheio de brilho e de cor, que esperam minuto a minuto até que os craques deixem o túnel. Claro que muito tempo se passou enquanto rolavam comerciais aos montes, e os comentaristas desfiavam um sem-fim de previsões, aspectos técnicos, possíveis jogadas, prognósticos... Sem contar as longas reportagens que sempre desfilam lances, estatísticas, entrevistas e o desempenho deste e daquele que prometem dar show nesta partida que não é simples amistoso, é de verdade.

Um a um, então, os jogadores, cujos nomes o torcedor tem na ponta da língua, finalmente pisam o gramado, fazendo o tradicional sinal da cruz. O pavão exibe sua crista loira e sabe que está em seus pés a esperança de todo brasileiro que aprecia futebol. Sem dúvida que há outros dez. Mas é ele quem deve alavancar o time e o levar à vitória tão esperada. Pelo menos é no que acredita o fanático que o acompanha em times estrangeiros.

Eu nada falo, porque não entendo de futebol. Na verdade, nem sei os nomes dos craques da Seleção. Só de um ou dois. Meio vergonhoso, admito, já que nunca esqueci a escalação de 1970! Não que valha grande coisa a informação, mas foi aquela que marcou, marcou muitos gols e marcou sua passagem pela vida de tantos brasileiros.

Nostalgia à parte, contudo, e a bola começa a rolar. A plateia que lota o estádio divide as cores e toda ela é só tensão, desde os primeiros toques. Desfruta, pois, do privilégio limpar de estar na arena, grito preso na garganta, pronto para explodir diante da rede adversária balançando. Por certo que a emoção ali é muito maior. Mas na frente da TV, também é possível sentir o costumeiro frio no estômago e acompanhar, tenso, a partida.

De qualquer maneira, indiferente às emoções à flor da pele, a bola segue rolando de pé em pé, sem saber que rumo tomar. Nossos anseios apontam para o gol adversário, ao passo que este não disfarça o desejo ardente de vê-la ajeitar-se matreira bem no fundo de nossas traves. Bolas! Que diabo de sofrimento bobo é esse de gente que não tem o que pensar! No entanto, a despeito das previsões equivocadas de Graciliano, o Brasil é mesmo a Pátria de chuteiras, como bem definiu Nelson Rodrigues. O que há de se fazer?

E a pelota segue seu curso até finalmente ganhar o fundo do gol adversário. Alegria sem par comemorada, para minha surpresa, com um único tiro de rojão que pude ouvir à distância. Impressionante e bem contrário a outros campeonatos do gênero em que bastava um tento a nosso favor e um terremoto de gritaria e fogos fazia tremer esta terra de meu Deus. Acho que o clima não é mesmo de Copa. Quem sabe se o grupo trouxer o caneco o povo se anime um pouco e acabe dando um sorriso amarelo, assim, meio de lado. Claro que até dessa vitória já duvida o pobre, uma vez que mal sentiu o seu inebriante sabor e o outro compareceu destemido para violar a sua meta e acabar com o seu favoritismo. 

Droga!




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