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Governo investe contra impotência
Por Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
16/10/2005 | 08:17
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Sexo de qualidade deve deixar de ser para quem pode e passar a ser para quem quer. Viagra e similares garantem bons resultados em 90% dos casos de impotência sexual, desde que se tenha dinheiro para pagar de R$ 20 a R$ 30 por comprimido. A boa nova é que o governo federal quer democratizar a pílula do amor. A distribuição gratuita de medicamentos contra disfunção sexual deve ser o mais badalado dos itens de um programa inédito da saúde do homem do Ministério da Saúde, com previsão de lançamento já para o mês de novembro.

Saúde pública – No Grande ABC, a preocupação com a sexualidade e a saúde masculina é quase nenhuma. O homem da região conta com pouquíssimos urologistas na rede municipal e nenhum programa público permanente de atenção voltado à saúde masculina.

Apesar do desinteresse das administrações municipais, especialistas garantem que disfunções eréteis são um problema de saúde pública. Aproximadamente 45% dos brasileiros de 40 a 70 anos têm problemas com ereção, constata pesquisa do ProSex (Projeto Sexualidade), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. “O homem com disfunção erétil tende a ser menos produtivo, ter alterações emocionais. Além disso, muitas vezes as disfunções eréteis escondem outros problemas de saúde”, afirma o urologista Roberto Vaz Júnior, coordenador do setor de Andrologia da Faculdade de Medicina do ABC.

Causas – Diabetes, hipertensão e problemas cardíacos, por exemplo, estão por trás de muitas disfunções. “Na maioria das vezes, causas psicogênicas e orgânicas andam juntas”, diz Vaz Júnior. As causas orgânicas são maioria entre os homens acima dos 40 anos e as psicológicas predominam entre os de faixa etária menor. Por isso, urologistas e psiquiatras indicam: é fundamental tratar o efeito (a impotência) juntamente com as causas (físicas ou psicológicas).

Seja qual for a faixa etária, fica cada dia mais fácil fazer sucesso na cama. O lançamento do Viagra, em 1998, é um marco na história da sexualidade humana, afirmam urologistas. Mais medicamentos chegaram ao mercado para se juntar a opções menos procuradas, como próteses e injeções penianas.

Hoje, junto com o preço dos medicamentos, o maior obstáculo entre os homens e uma vida sexual de qualidade é a vergonha. “Mas essa é uma realidade que está mudando. Evidentemente, muitos têm resistência para procurar o médico e falar de problemas tão íntimos como a parte sexual. E por incrível que pareça, também há falta de preparo de alguns médicos para falar do assunto”, analisa o urologista.

<b>Saúde – </b>Na rede particular, o crescimento da procura por especialistas é enorme. O urologista Giordano Zanin, um dos proprietários do Instituto de Urologia do ABC, com sedes em Santo André e São Bernardo, afirma que a procura dobrou desde 1998. “Temos 160 mil pacientes cadastrados. E a procura por tratamento de disfunções sexuais só perde para o câncer de próstata”, afirma Zanin. Segundo ele, o principal atrativo é a certeza dos pacientes de que o problema tem como ser resolvido.

Sorte de quem não depende da rede municipal para tratar do problema. Santo André, por exemplo, tem apenas um urologista na rede de saúde; Mauá tem três; São Caetano conta com seis profissionais. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não têm nenhum. São Bernardo e Diadema não informaram o número de urologistas na rede pública. Dentro do pacote para a saúde masculina, o governo federal também prevê a contratação de mais urologistas para a rede.

Tratamento – Segundo o psiquiatra Danilo Baltieri, coordenador do Ambulatório de Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC, o tratamento para pacientes com disfunções causadas por problemas psicogênicos é mais demorado. “Porque quem tem um problema psicogênico pode demorar mais para achar o especialista correto”, afirma Baltieri.

Mesmo em casos em que o problema é mental e não físico, medicamentos vasodilatadores surtem efeito em casos moderados. Além de atuar diretamente no fluxo de sangue para o pênis, as pílulas dão autoconfiança. “Diante dessas situações, esses medicamentos só surtem efeito se usados dentro de uma proposta terapêutica”, afirma. O urologista Giordano Zanin afirma que, nesses casos, o ideal é desmamar o paciente aos poucos. “A gente vai diminuindo as doses gradualmente”, afirma Zanin.

O urologista afirma, no entanto, que o uso prolongado do medicamento não causa danos. “É perfeitamente viável que um homem que tenha de duas a três relações por semana tome o medicamento regularmente”, explica Zanin. Segundo ele, o remédio não induz à dependência química.

Medicamentos – Hoje, há quatro medicamentos disponíveis no mercado: Viagra, Levitra, Cialis e Vivanza. Todos agem praticamente da mesma forma, embora uns ajam por mais tempo no organismo do que outros. O que muda são os princípios ativos da cada remédio e seus efeitos colaterais.

“Todos controlam uma válvula que impede que o sangue saia do corpo cavernoso do pênis. Como entra mais sangue do que sai, o pênis fica ereto. Quando isso não ocorre, há algum problema”, afirma Giordano Zanin. Envelhecimento, doenças, problemas emocionais, entre outros, podem afetar o represamento do sangue no corpo cavernoso. O que pode resultar na temida impotência.

Paraplégicos – Os chamados medicamentos de primeira linha, da família do Viagra, são eficientes em quase todos os casos. Nos paraplégicos, o remédio tem 90% de eficácia. “Nos casos de diabéticos, o resultado é menor. Fica por volta de 70%”, informa Giordano Zanin.

A maior contra-indicação é para homens que tomam remédios para problemas cardíacos (nitratos). Para eles, restam as injeções penianas (custam de R$ 50 a R$ 100) e as próteses (que variam de R$ 2 mil a R$ 15 mil). As alternativas também têm alto grau de aceitação. Basta escolher e aproveitar.




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