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Astronauta brasileiro ensina a vencer o medo
Débora Costa e Silva
Especial para o Diário
16/10/2006 | 23:59
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“Medo é uma emoção básica do ser humano e a gente precisa aprender a viver com ele. Para isso, é necessário acreditar em você”. Essa é a grande lição de Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro a ir para o espaço, tirou de sua viagem à estação localizada a 360 quilômetros da Terra, em março.

O astronauta, que enfrentou muitos medos durante a estada de sete dias no espaço, participará na próxima quarta-feira do Ciclo de Debates promovido pelo Diário e pelo Imes.

O tema que será discutido é ‘Vença seus medos: aprenda a conviver com o risco’ e Pontes vai contar sua experiência no espaço. O público também vai conhecer um pouco mais de sua carreira, incluindo as grandes dificuldades.

O tenente-coronel da Força Aérea Brasileira disse que sempre sonhou em ir para o espaço, mas não focou a carreira nisso. “Eu gostava da idéia, mas parecia um sonho meio impossível”, admite. Marcos lembra que, quando era pequeno, freqüentava o Aeroclube de Bauru, sua cidade natal, para admirar os pousos e decolagens. “Aquilo foi ficando na minha cabeça.”

A primeira dificuldade que enfrentou foi a crise financeira de sua família, quando tinha 14 anos, época em que queria fazer o curso técnico de eletrônica. Foi graças a uma bolsa de estudos que pôde iniciar sua carreira. “Com esse início, aprendi que independente de qualquer situação, você consegue fazer o que você quer, se você realmente quiser.”

Pontes passou pelo Gite (Grupo de Instrução Tática e Especializada), Base Aérea de Santa Maria, ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e estudou na Naval Postgraduate, nos EUA.

O astronauta afirma que se sentia confiante, pois estava com uma carreira sólida na Força Aérea. Mas mesmo com a trajetória voltada para a aviação, sabia que seu currículo era parecido com a maioria dos outros astronautas. “No meu inconsciente, eu sempre quis a área de espaço.”

Mas o momento mais difícil de sua vida foi quando teve que morar em Houston em um quarto de hotel com a esposa e os dois filhos. Na época, ele trabalhava no Programa Espacial Brasileiro. Hoje, garante que valeu a pena. “Aprendi muito durante essa fase, mas para agüentar isso, você precisa estar com a família muito unida e com seu objetivo muito forte.”

Quanto aos temores, o astronauta confessa que o principal era o de não ter a missão. “Se na última semana eu pegasse uma gripe, estava fora e não ia para o espaço.” Na missão, enfrentou momentos de tensão com a temperatura ambiente e alarmes falsos de incêndio. Mas diz que nenhum contratempo se compara com a possibilidade de não embarcar à Estação Espacial Internacional.

Pontes garante que não esperava tamanha repercussão da missão espacial. “Foi positivo para os jovens, principalmente no aspecto educacional”, ressalta. Questionado se cumpriu sua missão, diz que “não cumpriu 100%, mas 300%”.

As inscrições para o Ciclo de Debate são gratuitas e podem ser feitas pelo telefone 4239-3306 até o início do evento. O encontro com o astronauta será às 19h30 no campus II do Imes, localizado na rua Santo Antônio, 50.




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