Economia Titulo
Fischer aposta na adoçao do dólar pela Argentina
Por Do Diário do Grande ABC
20/11/1999 | 15:44
Compartilhar notícia


O vice-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Stanley Fischer, disse que acredita que haverá progresso nos esforços da Argentina para adotar o dólar como moeda nacional. Ele também deixou claro que nao acredita que a moeda única do Mercosul sirva para estabilizar a regiao. Ele fez as declaraçoes no 5º Fórum Europeu em Berlim.

Fischer disse que o esforço da Argentina para a adoçao do dólar "é sério" e que a Argentina adotaria, imediatamente, a moeda norte-americana se os Estados Unidos concordassem em dividir os ganhos financeiros que um país tem com a emissao de sua moeda, a "seignorage". Fischer disse que ainda nao conhece uma resposta de Washington sobre isso.

O vice-diretor-gerente do FMI disse que a atual política deixa a Argentina em situaçao de riscos e sem as vantagens de possuir uma moeda nacional. Ou seja, por causa da paridade com o dólar, a Argentina nao tem controle sobre sua moeda, mas os investidores continuam temerosos com a possibilidade de uma desvalorizaçao.

Ao ilustrar a lógica do caso argentino, ele disse que há "uma dolarizaçao muito forte e, ao mesmo tempo, a adoçao do câmbio flutuante é arriscada demais por razoes históricas".

Fischer previu que as vantagens para os países de possuir uma moeda nacional vao desaparecer. A vantagem a que ele se referia é a possibilidade de valorizar ou desvalorizar sua moeda para ajustar a competitividade internacional do país. Fischer disse que, cada vez mais, as empresas e trabalhadores vao ter de fazer esse ajuste de competitividade por meio de cortes ou aumentos em preços e salários.

O vice-diretor-gerente do FMI também deixou claro que nao acredita que uma moeda única no Mercosul traga estabilidade. Ele lembrou que as últimas crises financeiras internacionais foram transmitidas pela chamada "conta de capital", que inclui transferências internacionais de dinheiro, e que normalmente sao expressas em moedas de importância mundial como o dólar, ou seja uma moeda do Mercosul seria mais atuante na conta corrente que registra exportaçoes e importaçoes.

As opinioes de Fischer contrastam com o tom dos discursos do ministro da Fazenda, Pedro Malan, em sua visita a Alemanha. Malan, que também estava presente ao 5º Fórum, vem ressaltando as grandes dificuldades para adoçao do dólar na Argentina. Malan também vem se mostrando favorável à adoçao da moeda única do Mercosul, ainda que em futuro muito distante.

Inflaçao - Fischer disse que os últimos números da inflaçao no Brasil "nao sao tao ruins". Em conversa com jornalistas, ele nao quis comentar sobre se o aumento dos juros seria a melhor forma de controlar a inflaçao. Fischer fez elogios às políticas econômicas do governo brasileiro durante o 5º Fórum.

Fischer, dirigindo-se à platéia, composta por representantes de governos europeus e de grandes bancos, disse que "nós temos obrigaçao de ajudar estabilizar o sistema", porque países como o Brasil rejeitaram a possibilidade de uso de controles de câmbio para deter crises financeiras internacionais. Fischer disse que esse tipo de controle seria destrutivo e que Malan sofreu pressoes para adotar esse tipo de medida.

O vice-diretor-gerente do FMI disse que o Brasil saiu da crise internacional em condiçoes "surpreendentemente boas". Ele disse que um dos grandes motivos para que isso acontecesse foi a boa estrutura do sistema financeiro nacional.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;