Na secular festa de Nossa Senhora da Boa Viagem e da Procissão dos Carroceiros, José Oliveira Silva é o seu fotógrafo maior. Sempre elegantemente vestido, com terno, gravata e bons sapatos, ele registra os dois eventos desde os anos 1960 e, em especial, após a oficialização dos festejos, nos anos 1970.

Reparem nas procissões, como a que se realizará amanhã a partir do bairro Demarchi: José Oliveira Silva caminha com o povo e vai disparando a sua Nikon. Fotografa os que seguem os passos da imagem histórica da padroeira e os que se postam ao longo do caminho, à frente das suas casas, para ver a procissão passar. Semana seguinte, prepara DVDs e deixa na igreja.

“Faço porque gosto, porque quero ajudar, documentar”, conta o fotógrafo.

GRANDE ABC

Profissionalmente, José mantém a Organização Fotográfica Santa Maria, no número 1.842 da Rua Marechal Deodoro. Nenhuma placa na porta. Nenhum aviso. Não precisa. As pessoas o conhecem, encomendam fotos, convidam para cobertura de casamentos, batizados, formaturas, cerimônias religiosas.

Irmã Maurinéa, por exemplo, secretária episcopal, sempre tem um trabalho para ele. Por isso, José já fez fotos na maioria das igrejas do Grande ABC e em 70% das escolas da região, calcula.

Tem uma admiração grande pelo Diário. Já forneceu fotos para o jornal, inclusive na fase do bissemanário News Seller. No tempo da Rádio Diário, participava dos programas sertanejos. Afinal, durante toda a sua vida, desde menino, sempre viveu em São Bernardo, mesmo durante os 27 anos em que trabalhou no Exército Brasileiro.

Fotografou os dois casamentos do ex-presidente Lula. O primeiro teve como padrinho o ex-vice-prefeito Mario Ladeia da Rocha. Já no segundo casamento o padrinho foi o ex-vereador Nelson Campanholo. “Pelo menos foi ele quem pagou pelo serviço”, conta.

BANCO A BANCO

Durante 40 anos foi o fotógrafo da Paróquia São José, na Vila Baeta, desde os tempos do cônego Lazaro Equini. Faz questão de, nas solenidades, fotografar os fiéis banco por banco. Brinca: “Assim os padres ficam sabendo quem vem e quem falta às missas.”

Ele próprio não perde a missa das 7h de todos os dias na Basílica da Boa Viagem. E sempre reza por intercessão dos amigos vivos ou pelas almas dos que partiram. Também realiza trabalho junto às pessoas que vivem nas ruas. José, que nunca bebeu ou fumou, tem como braço direito um ex-homem de rua, Juca Bala, que se transformou em excelente fotógrafo e largou o vício de beber.

Houve um momento em que José Oliveira Silva representou São Bernardo num programa muito famoso do Silvio Santos, Cidade contra Cidade. Foi na condição de ser o Zé do Caixão de São Bernardo – o que lhe valeu uma contenda com o verdadeiro Zé do Caixão. Mas, por que esse apelido? Por dois motivos.

MILAGRES

Em um acidente de carro, foi dado como morto e posto num caixão para o velório. Estava pronto para ser enterrado. Então despertou – havia sido acometido por catalepsia.

Noutro momento, um bandido o confundiu com um delegado de polícia – por causa do terno que trajava. O agressor disparou seis vezes – e todos os tiros falharam. “O homem atirava e eu o fotografava. Uma das fotos permaneceu por muitos anos no bar do Zanutto, ao lado do meu estúdio”, revela.

José Oliveira Silva tem confiança absoluta em Deus e na padroeira. É feliz porque continua trabalhando. Cita antigos fotógrafos de São Bernardo, seus amigos, como Adão dos Santos e Beltran Asêncio. E dois outros profissionais de Santo André, Urbano e Paino. Hoje é um dos mais antigos em atividade, se não o mais antigo.

Domingo passado acompanhou a ida da imagem de Nossa Senhora até a Paróquia Santa Maria. Claro, documentou tudo. Amanhã retornará com a Procissão dos Carroceiros. Confessa: gostava mais das procissões de antigamente, mais autênticas, com carros de boi, tropeiros, cavalgadas. Também a Procissão dos Carroceiros acompanha os novos tempos. Mas que há 30 anos dava mais emoção, ah, Zé do Caixão tem certeza que sim.

JOSÉ OLIVEIRA SILVA

- Naturalidade – General Salgado (SP).

- Nascimento – 10-10-1945.

- São Bernardo – 1951.

- Crisma e primeira comunhão – 1954 na Matriz da Boa Viagem.

- Formação – Cinematografia pelo Senac, em curso realizado em 1962.

- Vida conjugal – Casado em segundas núpcias com dona Rosa Maria; do primeiro casamento tem quatro filhos: Marcos, Marcia, Ana Paula e Isaias, que lhe deram 11 netos e três bisnetos.

Diário há 30 anos

Quinta-feira, 5 de setembro de 1985 – ano 28, nº 5921

Manchete – Governo prefere disciplinar caixa a cortar despesas

Trabalho – Jornada na General Motors será reduzida a 45 horas.

Primeira Divisão – Em Mauá: Santo André 1, gol de Jenildo, Noroeste 0.

A Caminhada da Boa Viagem

Terceiro dia do tríduo. Missa às 15h na Matriz Santa Maria, no bairro Demarchi. A missa da Catequese junto à imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem, que amanhã retorna à sua basílica.

Comissão da Procissão dos Carroceiros

Santos do Dia

- Na estampa, São Lourenço Justiniano (Itália, Veneza, 1380 – 1456). Bispo. Primeiro patriarca de Veneza.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza

- Bertino

- Eudócio

- Bv. Tereza de Calcutá

Nas Ondas do Rádio

Viagem no Tempo. Internet: www.viagemnotempo.net. Música, notícias e história. Vinte e quatro horas por dia no ar.

Estadão FM (92,9).Estadão Acervo. Geraldo Nunes enumera as atrações do seu programa:

- Curiosidades sobre o dia 7 de Setembro e a Independência do Brasil.

- Os 50 anos do TUCA (Teatro da Universidade Católica).

- Na trajetória dos Rolling Stones, Mick Jagger e companheiros gravaram, quando iniciavam carreira, uma música dos Beatles: “I wanna be your man”.

Hoje, às 6h e 18h; amanhã, às 6h.

Rádio ABC (1570). Causas Nobres. Ao vivo, no estúdio, uma entrevista com Milton Kagohara, coordenador regional do CVV (Centro de Valorização da Vida), que opera na Grande São Paulo desde 1962. Produção e apresentação: Antonio Dalto. Hoje, às 10h.

Bandeirantes AM (840) e FM (90,9). Memória. A história de Lupícinio Rodrigues, cantor e compositor, o rei da dor de cotovelo. Produção e apresentação: Milton Parron. Por causa do futebol, o programa irá ao ar por volta de 1h da manhã de domingo, com reprise às 5h do mesmo dia.

Aramaçan, ano 85

1930 – 2015

Da galeria do Clube Atlético Aramaçan, um troféu comemorativo ao 411º aniversário da Vila de Santo André da Borda do Campo. Ano: 1964.

Hoje

- Dia da Amazônia

- Dia do Irmão