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Legislação que prevê fechamento aos domingos divide o comércio
Clarissa Cavalcanti
Do Diário do Grande ABC
23/08/2005 | 08:27
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Lojistas e entidades representantes de redes de supermercado, material de construção e comerciários estão divididos em relação ao projeto de lei que proíbe a abertura das lojas com mais de duas filiais aos domingos e feriados. O Sindicato dos Comerciários do Estado de São Paulo defende que a medida pode gerar até 100 mil empregos. Por outro lado, a Apas (Associação Paulista de Supermercados) prevê a extinção de 30 mil vagas em todo o Estado e a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção) estima queda de até 12% nos postos de trabalho.

O governador Geraldo Alckmin recebeu o projeto na última quinta-feira e tem 15 dias para decidir se sanciona a lei. Segundo a assessoria de imprensa da Casa Civil, o governo ainda não tem uma posição sobre o assunto e o projeto deve passar por avaliação jurídica.

Os principais argumentos em defesa da lei são que ela geraria empregos e beneficiaria pequenos e médios comerciantes. O presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, Ricardo Patah, defende essas justificativas e afirma que o projeto acabará com o desgaste dos empregados. Patah contesta a posição das grandes redes que afirmam que vão cortar vagas caso deixem de abrir aos domingos. "Não haverá demissão porque o trabalhador faz horas extras. Então, só haverá um ajuste do banco de horas."

Já o diretor-executivo do Sincovaga (Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo), Álvaro Luiz Furtado, acredita que os funcionários que ganham mais por trabalhar aos domingos perderão. Segundo ele, o projeto é contrário ao interesse do consumidor porque domingo é o dia de maior movimento nas lojas. "Tenho certeza que o governador não vai aprovar este projeto."

Cláudio Elias Comz, presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção), também não concorda com a lei e diz que a população deveria ser consultada. "As lojas estão abertas porque os clientes querem. Essa lei não beneficia ninguém porque os pequenos não abrem no domingo."

Lojistas - A loja de material de construção Andaraí, em Santo André, deixou de abrir aos domingos devido à concorrência das redes. O proprietário, Carlos Alberto Cruz conta que quando as grandes chegaram o faturamento caiu 40% e não compensava mais abrir a loja no final de semana.

Carlos Roberto Corazzin, diretor de marketing da rede de material de construção Dicico, acredita que a lei é um retrocesso e que provocaria desemprego. "Com certeza vamos perder no faturamento e demitir."

A rede de supermercados Joanin, com 13 lojas no Estado e oito no Grande ABC também deve cortar vagas caso a lei seja sancionada, segundo o gerente de recursos humanos, Alécio Castealdelli Júnior. Ele diz que, mesmo se os custos trabalhistas ficarem menores, não compensa porque o movimento no domingo é muito grande.




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