Os fãs de heavy metal que não puderam assistir ao show do lendário cantor britânico Ozzy Osbourne, realizado na noite do último sábado (dia 5), no Parque Antártica, São Paulo, têm motivos de sobra para lamentar. Em noite memorável, o ‘Príncipe das Trevas’ esbanjou carisma, domínio de palco e energia para comandar uma festa headbanger, que, de acordo com a organização do evento, reuniu cerca de 38 mil pessoas no estádio.

 Às 22h15, após a vibrante apresentação do grupo de nu-metal norte-americano Korn – o público vibrou quando ouviu a voz de Ozzy nos alto-falantes. Sem aparecer no palco, ele provocava a platéia com sua característica gargalhada sinistra e a frase: “Quero ouvir vocês.”

 Outro aperitivo da apresentação foi um vídeo hilário exibido nos telões colocados nas laterais do palco, em que o ex-vocalista do Black Sabbath protagoniza versões impagáveis de filmes como Borat, Piratas do Caribe e seriados como Lost e The Sopranos.

 As imagens comprovaram que, após o sucesso do reality show The Osbournes, em que Ozzy aparece como um pai de família adoravelmente frágil e caquético – o artista vê o seu trabalho com mais leveza e consegue rir de suas limitações com facilidade.

CULTO

 Vestido de preto dos pés à cabeça, o cantor iniciou o culto metaleiro às 22h30, com I Don’t Wanna Stop, destaque de seu mais recente CD, Black Rain, lançado em 2007. Na seqüência, atacou com Bark at the Moon, faixa-título de um de seus discos clássicos dos anos 1980.

 Nos intervalos entre as músicas, a multidão, incentivada pelo baterista Mike Bordin, bradou um grito de guerra com a pronúncia abrasileirada do nome do cantor: “Ô,ô,ô, Ozzê, Ozzê.”

 Mesmo aos 59 anos (ele completa 60 em dezembro) e os excessos de drogas e álcool que marcaram sua vida, o intérprete não parou um segundo de fazer suas estripulias. Pulou, gritou, enrolou-se em uma bandeira do Brasil, arremessou baldes cheios de água e até mostrou as nádegas.

SUOR E SANGUE

 Braço direito do cantor e figura proeminente em sua banda de apoio, o virtuoso guitarrista Zakk Wilde deu um show à parte em músicas como Mr.Crowley, Suicide Solution e Crazy Train. O guitarrista também mostrou sua técnica apurada e harmônicos em canções mais suaves como Mamma, I’m Coming Home e Here For You.

 Aquecido pelo show com seu grupo, o Black Label Society, que se apresentou antes do Korn, Wilde estava tão empolgado que sequer se importou com o sangue que escorria de sua mão direita na guitarra. O guitarrista se feriu com o atrito dos dedos nas cordas, mas não se deu ao trabalho de limpar as mãos e os instrumentos que usava.

 Ele presenteou seus admiradores ao arremessar um cabeçote de amplicador Marshall, retirado da parede de amplificadores que tinha à sua disposição.

CLÁSSICOS

 Em clima de celebração, Ozzy interpretou três clássicos do Black Sabbath: War Pigs, Iron Man e Paranoid, que encerrou a apresentação após uma hora e quarenta minutos do início do espetáculo.