Se a rotina atual está relativamente longe da bola, o carisma com a nação corintiana permanece inabalável, e agora como fonte de confiança para novas pretensões no mundo político. Ícone do Alvinegro e futuro candidato a deputado estadual pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista) no ano que vem, o ex-atacante Dinei esteve em Santo André na última semana para o lançamento de uma loja de produtos do Corinthians.

Mesmo com novas responsabilidades, o jeito falastrão e a irreverência peculiar que o tornaram conhecido dentro de campo seguem intactos. Ao ser cercado pelos fãs foi bastante solícito, mas não se fez de rogado. "Foto e autógrafo aqui valem voto em 2010. Quem esquecer, nunca será corintiano de verdade", brincou.

O apelo faz sentido e se reforça em estatísticas exclusivas. Único tricampeão brasileiro pelo Timão (1990, 1998 e 1999), o ex-atleta também foi campeão paulista (1999) e mundial (2000). A aposentadoria do futebol veio em 2004. Atualmente, é secretário parlamentar em Brasília e presidente municipal do PDT em São Paulo, fato que engrossa o caldo da bancada dos ex-jogadores que serão candidatos para as próximas eleições.

"Todo boleiro veio do povo e tem noção apurada da realidade. O difícil mesmo é manter os pés no chão para expor novas ideias. Mas tudo é aprendizado constante", arriscou.

Para explicar as semelhanças entre as funções no mundo da bola e no da política, novamente foi direto. "Ambos são uma tremenda bagunça. Mas se você tiver um mínimo de disciplina, consegue sobreviver numa boa".

A primeira incursão na política aconteceu ano passado e foi encorajada pelo Coronel Edson Ferrarini, que o próprio Dinei considera como guru. Foi o especialista em dependência química que, em 1996, auxiliou o então atacante do Coritiba no episódio mais doloroso da carreira: pego no antidoping, assumiu publicamente o vício em cocaína e passou a frequentar a clínica de reabilitação. Após o tratamento, ministrou palestras para outras pessoas em situação semelhante.

"Aí peguei gosto pela oratória e descobri o poder que ela tem para ajudar os outros. Isso foi o que mais me impulsionou em tentar novos ares de vida na política", explicou.

Candidato a vereador em 2008, contabilizou 24.620 votos, e só não alcançou o cargo em virtude do quociente eleitoral (média de votos que varia de acordo com o tamanho do partido). A saudade das quatro linhas é sanada esporadicamente. Dinei agora se prepara para defender o Timão na disputa do torneio Rio-São Paulo de Showbol (futebol indoor com atletas veteranos), em novembro. Aos 38 anos, o cuidado nos treinos tem de ser redobrado por causa das sete cirurgias que já fez nos joelhos: seis no direito e uma no esquerdo.

O ex-atacante também teve passagem relâmpago pelo Santo André em 2002. Ficou pouco mais de um mês. "A diretoria me prometeu várias coisas e não cumpriu. Claro que fui embora logo. Pelo menos minha média de gols foi espetacular, como sempre: dois gols em dois jogos", disparou.