A exposição, no entanto, não pretende mapear ou resumir a complexa e sedutora temática, mas sim apresentar um recorte que é baseado, muitas vezes, em possíveis diálogos e contraposições entre os artistas selecionados e que chame atenção para a crescente recorrência do tema na atualidade.

O enfoque não é realista, de mera representação da figura humana. Mas sim de uma reflexão poética sobre o papel do homem no mundo – obsessões, fragilidades e limites.

São dez intervenções, assinadas por artistas brasileiros e estrangeiros. Nan Goldin, Cindy Sherman, Dennis Oppenheim e Patricia Piccinini são os nomes do exterior. Do Brasil, participam Alair Gomes, Caetano Dias, Laura Lima e Janaina Tschäpe, além do Corpo de Baile da Galeria Vermelho (uma ação coletiva de artistas plásticos e dançarinos sob a orientação do coreógrafo Marcos Gallon). A andreense Sandra Cinto também marca presença: é a artista que mais consegue extrapolar a idéia de corpo como uma espécie de aprisionamento dos sentidos.

A diversidade é a tônica da mostra, por isso a necessidade de estabelecer nexos de confronto e diálogo entre duas ou mais poéticas. O mais explícito é aquele estabelecido pela curadora Daniela Bousso entre as obras de Dias e Gomes.

Ambos partem de um interesse homoerótico para chegar a obras absolutamente distintas. Ambos provocam, mas o primeiro de forma irônica, e o segundo ao promover uma sacralização do profano, na imagem um tanto provocativa e voyeurista de corpos quase nus e sensuais na praia.

Metacorpos – Exposição. No Paço das Artes – av. da Universidade, nº 1, Cidade Universitária, São Paulo. Tel.: 3814-4832. Abertura: segunda-feira, às 20h, com apresentação de dança do grupo Corpo de Baile e performances de Caetano Dias e Laura Lima. Visitação: de terça a sexta, das 11h30 às 18h30, e sábados e domingos, das 12h30 às 17h30. Entrada franca. Até 14 de dezembro.