Política Titulo Rio Grande da Serra
Por 9 votos a 4, Câmara cassa mandato do prefeito Claudinho

Sessão que culminou em impeachment do tucano durou mais de 20 horas e teve leitura obrigatória de relatório com mais de 600 páginas

Por Daniel Tossato
Diário do Grande ABC
02/07/2022 | 08:07
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André Henriques/DGABC


A Câmara de Rio Grande da Serra cassou o mandato do prefeito Claudinho da Geladeira (PSDB). A sessão, que começou anteontem às 13h, só terminou ontem, por volta das 10h, com nove votos a favor do impeachment e quatgro contrários . A plenária durou mais de 20 horas, se tornando a sessão mais longa do Parlamento da cidade em toda sua história.


Com a decisão do Legislativo, quem passa a comandatr o Executivo é a vice-prefeita, Penha Fumagalli (PTB). Ela tomou posse apenas duas horas após a cassação de Claudinho da Geladeira. Como primeira ação à frente da administração municipal, ela já adiantou que pretende trocar praticamente todo o secretariado.


Esse foi o primeiro de dois processos de cassação contra Claudinho. No caso, a comissão apurou que o Executivo ignorou os pedidos de informação que foram protocolados pelos parlamentares. Conforme a acusação, a situação esbarra em improbidade administrativa.


Claudinho da Geladeira se torna o primeiro prefeito a ser cassado na cidade. Coube ao presidente da casa, Charles Fumagalli (PTB), proferir a decisão de cassação do tucano. No escopo do processo que pedia o afastamento do tucano havia três infrações, e por isso os parlamentares tiveram que votar pelo impeachment do prefeito três vezes.


Com a cassação, Claudinho da Geladeira também deverá ficar inelegível por oito anos, conforme a Lei da Ficha Limpa.

MARATONA
A sessão, que teve início às 13h de anteontem, se arrastou por mais de 20 horas e atravessou a madrugada de quinta para sexta-feira. Isso porque o relatório final apresentado pela comissão processante tinha mais de 600 páginas. Os parlamentares se revezaram para realizar a leitura do documento, ponto obrigatório do rito.


Ao fim da leitura, coube aos advogados de Claudinho da Geladeira fazerem a defesa.


Durante suas alegações, o advogado Carlos Callado até elogiou os vereadores pela leitura das mais de 600 páginas.


O advogado, entretanto, declarou que Claudinho da Geladeira não teve acesso aos documentos, e que esse fato prejudicava a atuação da defesa.


VOTAÇÃO
Somente após as alegações da defesa é que os vereadores puderam votar pela admissão ou rejeição do relatório que pedia a cassação do prefeito.


Cada parlamentar teve cinco minutos para discursar e fazer seu voto.

REFORÇO
Depois que se filiou ao PSDB, Claudinho da Geladeira passou a receber agentes políticos ligados ao prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB).


Entre o indicados estavam Admir Ferro, que atuou como secretário de Governo; Kati Dias, que comandou a pasta de Comunicação; e Walter Cordoni, secretário de Saúde. Este último rececebeu convite formal de Penha para permanecer no cargo e estuda a possibilidade. Já os outros nomes serão exonerados.


NA PREFEITURA
O Diário apurou que Claudinho da Geladeira e o secretário de Governo, Admir Ferro, acompanharam grande parte da sessão de cassação do prédio da Prefeitura.


Por meio de nota, o Executivo foi sucinto ao comentar a cassação. “O prefeito lamenta o ocorrido, especialmente pelo trabalho que sua gestão vinha fazendo na cidade. Seus advogados vão tentar reverter essa decisão na Justiça”, informou a administraçãso .

Câmara inicia leitura do 2º relatório que pede cassação

Os vereadores de Rio Grande da Serra iniciaram ontem mesmo a leitura do segundo relatório que também pede a cassação do prefeito Claudinho da Geladeira (PSDB). Desta vez, a comissão processante investigou possível episódio de fura-fila da vacina contra a Covid-19 na cidade.

Como na sessão de anteontem, a plenária teve início às 13h e deveria virar a madrugada, com previsão de ser encerrada somente hoje pela manhã. O relatório final juntou mais de 600 páginas e precisa ser lido em sua totalidade. Os parlamentares se revezariam na leitura. 

De autoria do oposicionista Claudinho Monteiro (PTC), a CPI investigará possível fraude logo no início da vacinação contra o coronavírus no País. A comissão, embora não oficialmente, nasceu sob o argumento de que uma comissionada lotada na Secretaria de Serviços Urbanos teria recebido a Coronavac em janeiro de 2021, época em que as escassas doses do imunizante ainda deveriam ser destinadas exclusivamente aos profissionais da saúde que integravam a linha de frente do combate à pandemia.

Silvia Maria Rodrigues da Silva, chefe de setor da pasta, teria sido vacinada em 22 de janeiro do ano passado, apenas cinco dias depois de a primeira brasileira no País ter sido imunizada, na Capital, e três dias depois de Rio Grande da Serra – e as demais cidades do região – receber as primeiras doses. Naquela ocasião, o município foi contemplado com apenas 440 fraões. No cargo burocrático, Silvia recebia R$ 3.000 brutos por mês e era defensora ferrenha do prefeito nas redes sociais. 

Nos bastidores políticos da cidade, esse segundo processo é tratado como sendo mais substancioso que a primeira ação, que culminou no impeachment do prefeito Claudinho da Geladeira, ontem. O próprio defensor do tucano, o advogado Carlos Callado, chegou a dizer que o relatório trazendo a denúncia do episódio de fura-fila foi mais bem elaborado do que o que envolveu a falta de respostas aos requerimentos de informação.

Ao Diário, o presidente da comissão, o vereador Claudinho Monteiro, tem alegado que somente com a atuação e encerramento das duas comissões processantes a justiça será feita na cidade. “Rio Grande da Serra receberá a justiça, finalmente”, disse.




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