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Invasão em terreno de Mauá faz 1 mês
Célia Maria Pernica
Do Diário do Grande ABC
28/04/2008 | 07:01
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A invasão de um terreno vazio no Jardim Olinda, em Mauá, completa nesta segunda-feira um mês. Até agora, porém, os líderes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) ainda não conseguiram resoluções concretas para a permanência no local. O prazo fornecido pelo proprietário para a saída das 800 famílias ocupantes vence dia 4 e, mesmo após reuniões com a Prefeitura, CEF (Caixa Econômica Federal) e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), o movimento permanece sem respostas.

“Vamos continuar a luta. Precisamos dilatar o prazo para seguir com as negociações, mas iremos resistir. Muitas famílias não têm para onde ir. Mas nada irá nos impedir de comemorar a permanência de um mês”, afirma a coordenadora Helena Silvestre.

A festa de comemoração foi realizada no último sábado e contou com atividades culturais e hasteamento da bandeira do MTST. “Fizemos a festa no sábado pois somos um acampamento de trabalhadores”, afirmou o coordenador Fábio Santos. O terreno foi enfeitado com bandeiras. “Ficamos em círculo para todos se apresentarem. Tudo o que é feito aqui visa o coletivo.”

A invasão, que começou com 150 famílias em barracas de formato triangular, mostra hoje uma estrutura mais elaborada. As barracas foram reforçadas com cordas, bambu, telhas e plásticos. Por dentro das ‘construções’ há camas, sofás, tapetes, almofadas e objetos pessoais. “As pessoas estão melhorando o local onde estão, mas não iremos viver em barracos. Queremos moradias dignas”, garante Santos.

Na festa de comemoração foram realizadas apresentações de movimentos culturais, como a capoeira. “Aproveitamos também para contar as histórias de lutas e vitórias de outros acampamentos”, revela o coordenador.

A invasão de Mauá possui organização política para as negociações e organização de infra-estrutura, higiene, educação, cultura, abastecimento e casdastramento. No terreno foi construido um local chamado ‘ciranda’, para atividades com as crianças. “Esclarecemos a situação em que vivemos através de recreação, músicas e desenhos”, diz a coordenadora infantil Aline Galetti. “Aqui não toleramos drogas e nenhum tipo de violência.”

Os ‘sem-tetinhos’, como são chamados, possuem músicas próprias e até hino. “Meu filho tem 3 anos e ensina os amigos da escola a cantar as nossas músicas. Vai ser um futuro socialista”, orgulha-se Aline.




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