Economia Titulo Crise
Olimpíada desaponta empresas de brindes da região

Cenários político e econômico mudam hábitos
de clientes; Copa gerou impacto mais positivo

Vinícius Claro
Especial para o Diário
02/08/2016 | 07:30
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Divulgação


O setor de brindes, que costuma ser aquecido por ocasião de grandes eventos esportivos, a exemplo de Olimpíada e Copa do Mundo, desta vez desapontou. Em meio a crises econômica e política, e forte desemprego na região, que conta com taxa de 16,9% em junho nas sete cidades – a maior para o mês desde 2005 –, a Rio 2016 não causou grande movimentação nas empresas do ramo no Grande ABC.

A equipe de reportagem do Diário conversou com quatro firmas da região, e apenas a metade conseguiu emplacar vendas com o mote dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A Espaço Fechado, fabricante de relógios de Santo André, recebeu encomendas de modelos personalizados para o evento esportivo. O que gerou aumento no faturamento trimestral de 17,8%, considerado abaixo das expectativas segundo a gerente administrativo-financeira, Ana Carolina de Oliveira. “O projeto Olimpíada não atingiu o incremento almejado, de 33%. Acreditamos que isso se deva ao cenário nacional de crise, pois, se compararmos com o resultado obtido com a Copa (realizada no Brasil, em 2014), com alta de 37%, é perceptível a diferença de ganhos no faturamento de ambas as ações.”

Já a Líder Brinquedos, de Mauá, teve crescimento de 12% na receita mensal com a comercialização de bolas personalizadas de plástico e EVA. “Trata-se de um produto que tem público grande, as crianças, tanto meninos como meninas. Geralmente, as empresas de fast food acabam agregando produto nos combos infantis, dão como brinde ou o vendem de forma avulsa, o que eleva a demanda”, conta o gerente de vendas promocionais, Nuri Dib.

A Propomark, de São Bernardo, não conseguiu fechar pedidos para o período. Segundo a assistente de vendas Jennifer Melo, o evento esportivo até prejudicou a movimentação da empresa. “As empresas investiram mais em marketing externo do que na distribuição de brindes para funcionários.”

Jennifer é mais uma a relatar que o período da Copa do Mundo de 2014 foi muito mais lucrativo, quando recebeu encomendas de abridores de latas e garrafas, camisetas e bolas, que aumentaram o faturamento da empresa entre 30% e 35%. Para ela, os clientes mudaram a postura nos últimos anos. E, parte disso, certamente está relacionada ao agravamento da crise.


Crise vem prejudicando fabricantes há 2 anos

Considerados produtos supérfluos para as empresas, embora ajudem a ampliar o marketing corporativo, os brindes são uma das primeiras opções de corte em tempos de crise. E as fabricantes da região vêm sentindo esse impacto, mais fortemente, nos últimos dois anos.

A HL Bolsas Personalizadas, de Diadema, foi mais uma das que não conseguiu lucrar com os Jogos Olímpicos, e que tem sofrido com a recessão econômica. De acordo com o diretor comercial da empresa, Leandro Vinícius dos Santos, de 2014 para cá a crise reduziu seu mercado em 80%. “Precisei demitir e terceirizar funcionários. Estamos em um ponto em que diminuímos 90% da empresa”, declara.

Na Espaço Fechado, 39% dos funcionários foram mandados embora no primeiro semestre de 2015, e desde então a empresa tem conseguido manter seu faturamento.

Na Propomark, a turbulência não atingiu o quadro de funcionários, mas reduziu de 30% a 50% sua receita. Para sobreviver, a empresa procura realizar ações promocionais em conjunto com os atuais clientes, para não perdê-los.

A Líder Brinquedos também não precisou reduzir o número de trabalhadores, mas não fez nenhuma contratação. “Nós remanejamos os funcionários dentro da própria empresa e buscamos melhorar a qualidade dos produtos. Como nossos produtos são baratos, não tivemos queda de faturamento”, relata Nuri Dib.
 




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