Economia Titulo Em um ano
Região elimina 48,2 mil vagas formais em um ano

Com instabilidade econômica, perspectiva é a de
que desemprego siga alto nos próximos meses

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
23/04/2016 | 07:00
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Divulgação:


O Grande ABC registrou corte de 48.253 postos formais de trabalho (com carteira assinada) entre abril de 2015 e março deste ano, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social. No período de um ano encerrado em março do ano passado, o saldo (diferença entre admissões e demissões) foi de -19.130. Ou seja, o número de dispensas teve aumento de 152,2%.

Do total de cortes nos últimos 12 meses, 25.362 foram efetuados pela indústria, o equivalente a 52,6%. Já o setor de serviços teve peso de 31,4%, com 15.167 dispensas. O comércio demitiu 4.599 pessoas (9,5%), enquanto a construção foi responsável por 3.128 desligamentos (6,5%).

No trimestre, o saldo registrado foi de -10.138. Somente em março, 5.458 postos formais de trabalho foram fechados. Foi o 16º mês seguido em que o número de demissões foi superior ao de admissões nas sete cidades da região.

Para o economista Leonel Tinoco Netto, professor da Fundação Santo André e delegado regional do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo), o aumento do desemprego está atrelado ao momento de instabilidade política e econômica do País. “Tanto o investidor quanto o consumidor estão retraídos e preferem evitar gastos. Isso reduz a atividade industrial e provoca consequências gerais”, explica. “Se houvesse definição clara do futuro, talvez o empresário pudesse arriscar”, complementa.

Os efeitos gerados são em cadeia. Por exemplo: com a queda nas vendas de automóveis, os funcionários das montadoras são demitidos. Esses trabalhadores deixam de gastar nas áreas de serviço e de comércio, que também têm de reduzir a mão de obra em razão da queda no faturamento. A diminuição no volume de recursos em circulação faz com que a recuperação da economia se torne ainda mais difícil.

O economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, avalia que o ápice do desemprego deverá ocorrer no meio do ano e que a reversão dessa tendência deverá demorar ainda mais. “Quando a economia começar a apresentar algum sinal de recuperação, a primeira medida que as empresas adotarão será a utilização de horas extras. Em seguida, passarão a optar por funcionários temporários e só depois disso, caso haja consolidação de cenário positivo, retomarão a contratação com carteira assinada.”

Mesmo com a queda da presidente Dilma Rousseff, Balistiero não acredita no fim imediato da recessão, já que o vice Michel Temer deverá dar prioridade à continuidade do ajuste fiscal, o que, em primeiro momento, prejudica ainda mais o crescimento do País.


No 1º de Maio, centrais irão cobrar garantia de direitos

No dia 1º de maio, as duas maiores centrais sindicais do País, CUT (Central Única dos Trabalhadores) a Força Sindical irão concentrar as manifestações na reivindicação por mais empregos e pela manutenção dos direitos da classe trabalhadora.

Na região, as entidades filiadas à CUT farão, a partir das 10h, ato atrás do Ginásio Poliesportivo de São Bernardo, na Avenida Kennedy. Estão previstos shows dos cantores Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Leci Brandão. O diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, destaca a defesa da democracia. “Enquanto houver crise política não haverá retomada da economia.” Ligada ao PT, a CUT é contrária ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Já os sindicatos filiados à Força Sindical participarão do ato da central na Praça Campo de Bagatelle, na Zona Norte da Capital, das 9h às 15h. O evento terá apresentações de artistas como Michel Teló, Paula Fernandes, Gusttavo Lima e Eduardo Costa, além do sorteio de 19 automóveis Hyundai HB20 zero-quilômetro. Ao contrário da CUT, a direção da Força é favorável ao impedimento de Dilma.

“A nossa maior luta será no sentido de garantir que os trabalhadores não sejam penalizados por essa crise econômica”, comenta o presidente do Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região, Marcio Ferreira. “Não podemos perder nossas conquistas”, acrescenta Cícero Firmino da Silva, o Martinha, do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá.

As demais centrais ainda não divulgaram as programações para o 1º de Maio. 




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