Economia Titulo Sindical
Autopeças devem ter 10% de reajuste

Patrões e categoria caminham para consenso sobre valor; percentual significaria 3% de alta real

Por Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
02/11/2011 | 07:04
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Reunião entre trabalhadores do ramo de autopeças e os patrões, que discutiria a convenção coletiva da base, foi cancelada ontem. No entanto, isso não significou frustração para trabalhadores da categoria, no bolo que também negociam indústrias do segmento instaladas em Santo André, São Caetano e Mauá.

Pelo contrário; a classe patronal, composta por vários sindicatos, sendo a maioria das fábricas das três cidades amparadas pelo Sindipeças, pediu tempo para avalizar proposta comum que deve oferecer 10% de correção salarial às autopeças.

“Essa proposta está seguindo mais ou menos o que foi feito no ano passado, quando foram concedidos 9% na convenção coletiva, a fim de manter a isonomia dentro da categoria. Não se definiu ainda, mas há boa possibilidade de chegarmos a esse valor”, afirma o advogado Dráuzio Rangel, negociador direto do Sindipeças com a Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo.

O encontro dessa base ocorrerá às 13h30 de amanhã. Com a mudança de cronograma, o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, irá analisar a proposta no dia seguinte, às 18h. O mesmo irá ocorrer no Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, às 17h. “Está tudo caminhando para sexta-feira. Se não tiver proposta dentro dos patamares teremos que rejeitá-la e desencadear a greve”, reforça o dirigente do sindicato são-caetanense, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.

REFERÊNCIA - A concessão de 10% para as autopeças de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, em setembro, acabou contribuindo para que o percentual se tornasse referência aos demais sindicatos e classe patronal. É o que sustenta o diretor andreense do sindicato Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro.

Ele reforça que a inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor deve desacelerar em outubro – a data base da categoria estava marcada para ontem –, contribuindo para que os ganhos reais, via elevação de 10%, sejam maiores. Em setembro, que soma 12 meses seguidos, o indicador contabilizou 7,30% (0,1 ponto percentual abaixo do que em agosto).

“Se for confirmada a inflação menor, em torno de 0,30% em outubro, o aumento real de renda deve superar os 3%”, analisa Espirro. “Queremos manter a política de aumento real que vem sendo conquistada desde o governo Lula, quando, ao fim de oito anos, conseguimos aumento real de 23%. Agora vamos esperar uma resposta da classe patronal, para reverter a perda da massa salarial, resultado da alta rotatividade do setor.”

Sindipeças joga bola de jornada semanal para governo

Um dos pedidos que sempre figuram na pauta dos metalúrgicos e demais categorias é a redução da jornada de trabalho. Pedem para que sejam abatidas quatro horas do expediente, para 40 horas, a cada sete dias, contudo, sem que os salários recuem. Não foi diferente desta vez; o ramo das autopeças de Santo André, Mauá e São Caetano incluiu a cláusula na convenção coletiva, mas ela já foi recusada pelas fábricas, sem condições de ser avalizada.

Isso porque, na opinião do advogado responsável pelas negociações do Sindipeças, Dráuzio Rangel, duas barreiras impedem a concessão do pedido. A primeira é a avaliação de que, se São Paulo recuar nas horas trabalhadas, haverá migração de empresas para outras regiões que praticassem o período antigo de horas. O objetivo seria levar vantagem sobre o Estado na hora de produzir. Poderia ainda haver a vinda de trabalhadores, que sairiam de Estados onde a jornada é maior.

O segundo problema é que a produção cairia em 10%. Então, o Sindipeças joga a responsabilidade sobre o governo. “Achamos que a questão das horas trabalhadas deve valer para todo o País, assim como foi em 1988 (última edição da Constituição Federal), e para todas as categorias econômicas, como o comércio os serviços e a indústria. O governo deveria participar, porque com redução de quatro horas na jornada, se produz 10% menos.”




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