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Sto.André: crimes na Industrial estão na mira da polícia
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
10/07/2004 | 17:26
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Após anos de negociação, a Polícia Militar pode finalmente ter uma unidade de comando na avenida Industrial, o ponto de prostituição mais tradicional de Santo André com a paralela avenida D.Pedro II, no bairro Campestre. O projeto em parceria com a Prefeitura e a iniciativa privada prevê uma base de operações no cruzamento com o viaduto Presidente Castelo Branco, onde hoje estão os escombros de uma fábrica. O local é justamente o início do corredor formado por prostitutas e travestis, muitos dos quais podem ser vistos nus, fazendo atos obscenos, até à luz do dia.

Com a mudança, a intenção da PM não é banir da avenida a profissão mais antiga do mundo, mas inibir os crimes que acontecem paralelamente à prostituição: tráfico, assaltos, agressões. Só nos oito primeiros dias deste mês, de acordo com levantamento feito pelo Diário junto a Polícia Civil, foram registrados dez roubos e um furto. A maioria das vítimas são motoristas desavisados, que circulam com um olho nos travestis e protitutas e outro no trânsito.

A instalação do 10º Batalhão ou de uma de suas companhias na avenida Industrial é negociada com uma empreendedora, cujo nome é mantido em sigilo, que pretende construir um condomínio de casas de médio padrão na área da antiga fábrica de fertilizantes Copas, desativada nos anos 90. Segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de Santo André, Irineu Bagnariolli, a instalação da base da PM naquela região está em fase de consolidação de parcerias e por enquanto o que há é “uma firme intenção”. Mas seu colega da área de Relações Empresariais, o secretário César Moreira, avalia que os trabalhos no canteiro devem ter início ainda neste ano. “O batalhão (ou a companhia) pode ser feito a partir da estrutura de um dos prédios da antiga fábrica”, disse Moreira.

Com a mudança, a perspectiva é de que pelo menos 50 policiais militares ocupem o novo prédio. “A prostituição não é um crime, não podemos atuar de forma direta contra ela, mas sim contra os seus excessos, que agridem o restante da sociedade”, afirmou o major Edson de Jesus Sardano, comandante do 10º Batalhão da PM, referindo-se aos atos obscenos protagonizados pelos travestis. O militar admite que a área também é de alto risco para roubos e assaltos. “O que fazemos atualmente no local são operações. Com a presença sistemática na avenida teremos mais resultado.”

Basta um passeio para entender a que situações Sardano se refere. Ao cair da noite, sem qualquer pudor, alguns travestis se masturbam na calçada, com suas genitálias à mostra. Na Industrial, a exposição dos seios é uma constante e os trajes mínimos, quase um uniforme.

A situação muda apenas na avenida Dom Pedro II, território dominado pelas prostitutas. Entre elas, a isca para atrair clientes traz ingredientes bem menos picantes. Basta um decote mais ousado ou uma espera em algum ponto estratégico.

A partir deste domingo, o Diário dá início a uma série de reportagens sobre prostituição.




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