Cenas de bombardeios aéreos e um cenário de guerra civil pelas cidades de São Paulo. Em 9 de julho de 1932, o povo paulista iniciava a Revolução Constitucionalista, episódio que se eternizaria como um dos últimos conflitos armados da história do Brasil, como também faz florescer o ufanismo pelo Estado.

Há 81 anos houve uma tentativa frustrada de tirar Getúlio Vargas da presidência da República, mas que obteve reflexos positivos que persistem até hoje.

Para manter vivas as lembranças de 81 anos, o publicitário Ricardo Della Rosa, 40 anos, guarda em seu apartamento no Brooklin, na Capital, um acervo de aproximadamente 500 relíquias da época, entre distintivos, capacetes, medalhas, cartazes e bandeiras. Esse vínculo vem de família, pois seus avôs Mário Della Rosa (paterno) e Manoel Maia Netto (materno) participaram do front contra Vargas. Assim nasceu a afeição pela conspiração.

“Acho que a Revolução de 1932 é um exemplo de que vale a pena acreditar em um ideal. Nos anos 1930, essas lutas se resolviam na bala, mas hoje não precisamos mais disso, pois evoluímos como democracia. O legado deixado há 81 anos é lutarmos pela nossa liberdade”, analisa Della Rosa.

A Revolução nasceu pela relação política conturbada entre Vargas e a elite paulista, descontente por ser ignorada no poder, depois de anos de domínio na República Velha. Vargas também não era unânime em Minas Gerais e Rio Grande do Sul, mas, no fim, São Paulo ficou isolado na luta, o que tornou a derrota inevitável.

Apesar do revés, Getúlio Vargas percebeu que não poderia governar o Brasil ignorando São Paulo. O legado da Revolução foi a Constituinte de 1934, que obteve avanços importantes para o País. Entre as conquistas, estão, por exemplo, o salário-mínimo, menor carga horária de trabalho, o voto secreto e também o voto feminino.

Com museu particular, Della Rosa assume a responsabilidade de manter firme o sentimento de orgulho paulista por meio da internet. O publicitário é o autor do blog Tudo por São Paulo(www.tudoporsaopaulo1932.blogspot.com.br), um meio para publicar imagens das peças sobre 1932. O site cada vez ganha mais adeptos.

GRANDE ABC

Mesmo fora dos bombardeios das tropas de Vargas, o Grande ABC teve participação destacada na Revolução Constitucionalista. A ferrovia funcionava como elo entre a região, principalmente Santo André e onde hoje é São Caetano, e a Capital. Tanto paulistanos como residentes da região se deslocavam pelos trens entre os dois pontos.

“Tudo que acontecia em São Paulo refletia aqui. Isso influenciou para que o pessoal se mobilizasse”, lembra o historiador Ademir Médici.