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Vídeo australiano tenta conter imigrantes clandestinos
Por Do Diário do Grande ABC
18/06/2000 | 15:07
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Por meio de vídeos que mostram crocodilos e tubaroes com suas bocarras abertas para fazer entender a que se expoem os imigrantes clandestinos, o ministro australiano de Imigraçao, Philip Ruddock, tenta realizar uma polêmica campanha para dissuadi-los.

O Governo, que escolheu essas imagens impressionantes, está num aperto pelos custos cada vez mais altos de seis campos de detençao destinados a 3,6 mil clandestinos originários em sua maioria do Oriente Médio, que chegaram á Austrália em embarcaçoes indonésias.

Ruddock distribuiu na semana passada os vídeos a várias redes de televisao, especialmente do Ira, Jordânia, Síria, Turquia e Paquistao, onde se afirma que se os clandestinso conseguem escapar das temíveis mandíbulas dos tubaroes e crocodilos, terao de enfrentar depois os desertos, onde os esperam as serpentes venenosas.

"Pode-se pensar que os vídeos sao um pouco exagerados, sensacionalistas e horríveis e que pretendemos aterrorizar inutilmente as pessoas para que nao venham à Austrália. Mas devo insistir em que todas essas informaçoes sao verdadeiras e têm caráter dissuasivo contra o criminoso comércio da miséria humana", declarou Ruddock para defender sua campanha.

Entretanto, as organizaçoes de defesa dos refugiados consideram "grotesca" a campanha e opinam que o ministro faria melhor se enfrentasse os traficantes de clandestinos e nao suas pobres vítimas.

O presidente do Conselho das Comunidades Éticas de Nova Gales do Sul, Paul Nicolaou, afirmou que é importante impedir a imigraçao clandestina, mas que isso nao se conseguirá "com crocodilos nem tubaroes". "Se corresse o risco de ser esmagado por um tanque, ser aprisionado ou morrer de fome, preferiria ir para um país que tem tubaroes e crocodilos", declarou. "Melhor seria dizer nao venham. O risco nao vale a pena. Vocês vao ser maltratados nao pelos crocodilos, mas pelo Governo australiano", disse Marion Le, a presidente do Conselho Independente de Defesa dos Refugiados.

No início deste mês, 750 pessoas que pediam asilo se amotinaram em seus campos de detençao para protestar contra as condiçoes de alojamento e o tempo excessivo do trâmite de suas petiçoes.

Este motim aconteceu depois da ameaça de uma centena de "boat people" do Oriente Médio de suicidar-se por desespero. Outros iniciaram graves de fome ou costuraram os lábios. "Essas pessoas fugiram de sua terra por perseguiçao religiosa, por oposiçao política ou para buscar uma melhor situaçao econômica para suas famílias", afirmou monselhor Leonard Faulkner, arcebispo de Adelaida. "Tratá-los como criminosos é muito injusto para eles e desastroso para a imagem da Austrália", acrescentou.




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