Economia Titulo Flexibilização
Restaurantes ainda têm o pé atrás com a reabertura gradual

Apesar da flexibilização anunciada pelo governo do Estado, estabelecimentos da região não esperam aumento imediato na procura

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
27/06/2020 | 08:22
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Nario Barbosa/DGABC


 O Grande ABC avançou uma fase no Plano São Paulo, conforme anúncio do governo do Estado, e agora está na classificação amarela. Com isso, é possível a reabertura de bares e restaurantes, com restrições. Apesar de comemorarem a flexibilização, proprietários ainda estão com o pé atrás em relação à retomada. Com a mudança de fase o comércio ganha duas horas – passa de quatro para seis – e anima o setor, que estima aumento de até 20% nas vendas (leia mais abaixo).

Para as mudanças que devem ser implementadas, como reforço de medidas de higiene e distanciamento entre as mesas, os restaurantes esperam os decretos municipais que vão regulamentar as questões. O Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação) se adiantou e fez uma cartilha para orientar os estabelecimentos. Entre as medidas estão a manutenção dos ambientes arejados e a instalação de pontos para a lavagem das mãos (veja na arte acima).

De acordo com o presidente licenciado do sindicato, Beto Moreira, em um primeiro momento não é esperado incremento importante no movimento. “Primeiro, nós vamos precisar convencer e mostrar ao consumidor que os estabelecimentos estão seguros. As pessoas ainda estão muito receosas, e é normal que isso aconteça”, avalia. “No início, vamos ter que mostrar que estamos trabalhando direito.”

A decisão do governo de promover a região de fase foi recebida com certo ânimo pelo setor, mas ainda com cautela. O restaurante Cappelletto D’Oro, no bairro Jardim, em Santo André, é conhecido pelo bufê de massas e destino certo de bom número de funcionários de empresas ao redor para o almoço. Desde o início da pandemia, porém, funciona em esquema de drive thru apenas para massas e pratos congelados.

“Não temos grandes expectativas para este início de reabertura, até porque, também temos preocupação com o coronavírus. Mas estamos prontos, com muita cautela e cuidado”, afirmou Marli Vieira de Matos Mitsugi, uma das proprietárias.

De acordo com ela, na próxima semana o salão já deverá passar por limpeza e instalação de pia para a higienização das mãos. A ideia é esperar a regulamentação por meio do decreto municipal.

Proprietário do Bar e Restaurante Esquina II, localizado no bairro Bangu, em Santo André, Vanderlei Tafca afirma que o período de quarentena tem sido difícil. Isso porque ele ainda não trabalhava com delivery e tinha aberto o negócio no fim do ano passado.

“O ponto é em frente à UFABC (Universidade Federal do ABC), e nosso começo de movimento ia ser em março, com o começo das aulas. Isso era o que a gente esperava, mas veio a pandemia. Nós não tínhamos delivery e fomos panfletar pelo bairro, porque o pessoal ainda não nos conhecia”, explica.

Tafca afirma que o movimento caiu em 70%. Por causa da situação, ele foi obrigado a demitir um funcionário. “De cara, a gente não acredita que vai ter aumento. Talvez tenhamos refeições para comerciantes do entorno”, avalia. “Mesmo assim, essa (reabertura) é uma boa notícia, e agora vamos esperar sair o decreto para nos adequar. O que a gente quer é a casa cheia, mas acredito que neste ano isso não vai rolar.”

Na fase amarela (são cinco), além dos bares e restaurantes, os salões de cabelereiro e barbearias também estão autorizados a funcionar.

Mudança eleva ânimo no setor do comércio

A expectativa do comércio é a de que, com a migração da região para a Fase 3 do Plano São Paulo, as vendas aumentem 20%. Isso porque os lojistas terão mais duas horas de funcionamento – seis no total. 

“A mudança de fase permite que a economia se normalize aos poucos, e para nós é boa notícia, porque está chegando agosto, quando temos o Dia dos Pais. Isso porque nós perdemos duas datas importantes (Dia das Mães e Dia dos Namorados). Fizemos a lição de casa e estamos prontos para a retomada”, afirma o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura, que estima aumento de vendas em torno de 20%.

Presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Pedro Cia Júnior também acredita em incremento de 20%. “Mas é necessário responsabilidade por parte dos comerciantes e conscientização da população para seguirmos nesta faixa (amarela).”

Nesta fase, a flexibilização prevê abertura limitada a 40% da capacidade de todos os setores previstos na laranja – como comércios e concessionárias – e seis horas de expediente, além da retomada controlada e parcial de atendimento presencial em salões de beleza e barbearias, bares e restaurantes – o consumo local só será liberado em áreas arejadas e sob rígidos protocolos sanitários.

Representantes da indústria também comemoram a medida. “A movimentação maior do comércio é benéfica para a indústria, que depende do consumo. O que demonstra que estamos no caminho certo, com muita reponsabilidade”, disse o diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) São Bernardo, Cláudio Barberini Junior.

“Boa parte do Estado voltou para a zona vermelha, o que é complicado. O que significa que as concessionárias estarão fechadas, assim como a economia dessas cidades”, comenta o diretor do Ciesp Diadema, Anuar Dequech Júnior. 




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