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Ações na bolsa de empresas do Grande ABC caem pós-coronavírus

Papéis da Via Varejo, controladora da Casas Bahia, são os que mais sofrem após confirmação de caso

Por Yara Ferraz
Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
28/02/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


As ações de empresas do Grande ABC que atuam na bolsa de valores caíram depois que o Ministério da Saúde confirmou um caso de coronavírus, na quarta-feira. A principal queda foi registrada nos papéis da Via Varejo, que controla a Casas Bahia, tradicional varejista de São Caetano.

Ontem, os títulos da Via Varejo – que recentemente foi readquirida pela família Klein, fundadora da Casas Bahia – fecharam o pregão a R$ 14,08. A quantia é 10,32% menor do que a cotação de quarta-feira (R$ 15,70).

Bruno Angeleu Ponciano, administrador de empresas e educador financeiro, atestou que três segmentos registraram perdas pós-coronavírus no País: commodities, minério e consumo, como é o caso da Via Varejo. Apesar do movimento para baixo, Ponciano pregou cautela com o momento.

“Em outras épocas de princípio de epidemias, houve impacto, mas a recuperação veio na sequência. O susto aparece, mas a recuperação também. Temos visto as autoridades agirem para controlar o vírus e, se tudo caminhar bem, haverá impacto maior no primeiro trimestre (sobre o Produto Interno Bruto), mas a tendência é, no segundo semestre, o cenário se recuperar”, comentou.

No segundo dia pós-confirmação do coronavírus, a bolsa de valores voltou a cair e o dólar, subir.

Sobre a retração no valor dos papéis da Via Varejo, o economista Gustavo Bertotti avaliou que o cenário, por ora, não é de pânico, até porque o desempenho dos títulos da varejista de São Caetano no acumulado do ano é positivo. “A Via Varejo acumula queda hoje (ontem), com ação cotada a R$ 14,08. Porém, desde o começo do ano, a Via Varejo acumula alta de 26,05% e os últimos 12 meses a alta foi de 203%”, discorreu.

Bertotti chamou atenção para a CVC Brasil, de Santo André. As ações da empresa de venda de pacotes turísticos fecharam o dia vendidas por R$ 26,21, recuo de 6,39% na comparação com quarta-feira (R$ 28). “Ela acumulou queda de 40,16% desde janeiro de 2020. A CVC sofre não somente com a questão do coronavírus, que espanta potencial cliente, mas também com a alta do dólar, que também espanta aqueles que desejariam viajar. A CVC, por exemplo, acumulou 55% de queda nos últimos 12 meses.”

As demais empresas regionais com ações na bolsa são Gafisa (construtora imobiliária, de São Caetano), Tegma (logística de São Bernardo) e Bombril (São Bernardo). A primeira encerrou o dia com queda de 6,88% nas ações. A segunda, de 4,2%. A Bombril negociou seus papéis pelo mesmo valor de quarta-feira.

Na análise de Ponciano, “é difícil prever por enquanto” se a crise do coronavírus na economia mundial vai atingir o mercado automotivo – o Grande ABC é o principal polo do segmento no País, com cinco montadoras instaladas (General Motors, Mercedes-Benz, Volkswagen, Scania e Toyota). “Não vejo muito a indústria automotiva sofrendo. De imediato, (vejo impacto) mais na parte de commodities, porque a China compra muito. Compra muito minério também”, citou, corroborado por Bertotti. “No Brasil temos a Vale, que direciona 40% de seu minério para a China. Ela deve ser uma das impactadas pela retração chinesa, até porque é um dos grandes players do Brasil no mercado.” As ações da Vale caíram 1,94% ontem, vendidas a R$ 44,47. 




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