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Sonho da casa própria persiste em São Caetano

Paranaense de Carlópolis, Jandira Prudenciano mora há 37 anos em cortiços da cidade e ainda espera lugar para chamar de seu

Felipe Simões
Do Diário do Grande ABC
01/01/2017 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


 São Caetano é a cidade com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais alto do Brasil. Mesmo assim, o município ainda sofre com o velho problema dos cortiços, nos quais diversas famílias muitas vezes moram em um mesmo terreno em condições precárias. A situação persiste apesar de, no passado, o programa João de Barro, implantado pela gestão do ex-prefeito Luiz Olinto Tortorello em parceria com a ONG Soma (Sociedade Beneficente Mário Checkin), tentar combatê-la. Com o passar do tempo, o projeto foi deixado de lado e hoje existe cerca de 700 famílias vivendo neste tipo de acomodação, e o que elas mais desejam é ter cantinho para poder chamar de seu.

É o caso da faxineira Jandira Prudenciano, 54 anos, que mora desde os 17 em cortiços, em São Caetano. Natural de Carlópolis, no Paraná, foi trazida pela irmã para trabalhar na cidade e por aqui ficou. Casou e criou quatro filhos, mas nunca conseguiu deixar de morar nos cortiços do bairro São José.

“Só não está pior porque eu trabalho e corro atrás dos meus objetivos”, disse.

Dona Jandira, que estudou até a quinta série, tem renda total de R$ 2.500 por mês – parte é do trabalho de faxineira em quatro prédios no Jardim São Caetano, e parte é da pensão por morte do marido, há 11 anos –, e paga R$ 600 de aluguel de um quarto, cozinha e banheiro na Rua Washington Luiz, onde mora com a filha mais nova, 23 . No mesmo terreno residem mais três famílias, totalizando nove pessoas.

A vontade de mudança existe, mas não pode ser satisfeita por conta da situação financeira. Assim, recorreu aos sorteios da casa própria para pessoas de baixa renda, mas nunca foi contemplada.

“Desde a época do Tortorello eu me inscrevo. Já foram três sorteios, e nunca consegui”, lamentou. “Nos prédios onde trabalho tem vários apartamentos para vender, mas custam uns R$ 250 mil. Para comprar precisa de uns R$ 70 mil para dar entrada e financiar o resto. Fica difícil. Já pensei em mudar daqui para alugar um apartamento, mas precisaria pagar R$ 1.200, é muito dinheiro”, lamentou.

Apesar de viver nesta situação há 37 anos, dona Jandira ainda tem esperança de que as coisas vão mudar para melhor com a gestão do prefeito eleito José Auricchio Júnior (PSDB).

“São Caetano é uma cidade pequena, fácil de controlar. Não é de primeiro mundo? Quero ver melhorias para a população do município. Quero um apartamento para morar. Não de graça, mas pagando as parcelas. Acredito que ele (Auricchio) vai poder fazer alguma coisa por nós”, afirmou.

 

Munícipes do Osvaldo Cruz sabem que basta chover para alagar

 

Nos últimos anos, São Caetano sofreu menos com as enchentes. As obras do piscinão do Ribeirão dos Meninos, margeado pela Avenida Guido Aliberti, melhoraram a situação dos bairros próximos, especialmente o São José, onde alguns moradores ainda têm comportas nas portas das casas como precaução. No entanto, não muito longe dali, no bairro Osvaldo Cruz, perto da sede da Prefeitura, longe do rio, o problema persiste. Quando chove, o cruzamento da Rua Lisboa com a Avenida Paraíso alaga. Quem deixar o carro estacionado ali pode se preparar para o pior.

Situado em um vale, o cruzamento acaba recebendo água da chuva de todos os lados, e os bueiros existentes não conseguem dar vazão ao fluxo. A auxiliar de enfermagem Ana Paula Santim, 34 anos, já viu veículos boiarem no cruzamento, e já passou por aperto com o filho Guilherme, 1, quando um dos ralos da casa começou a transbordar de água.

“Sorte que a minhas irmãs estavam por aqui e foram tirando. Imagina se estou sozinha aqui com meu filho?”, pergunta ela, que mora há dois anos na Rua Lisboa.

“Quando chove, o pessoal tem que tirar os carros. Já chegou a ter 13 boiando aqui na esquina”, lembrou a aposentada Aparecida Rodrigues, 66 anos, que mora há oito no local. “Precisa dar um jeito aqui. O imposto é caríssimo. Estamos precisando bastante dessa ajuda”, pediu.




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