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Investimento Direto Estrangeiro deve subir só em 2004
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
04/10/2003 | 18:53
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Um indicador que demonstra a confiança dos investidores externos na economia do país, o IDE (Investimento Direto Estrangeiro), poderá, na média das expectativas, superar os US$ 9 bilhões neste ano e em 2004 atingir os US$ 13 bilhões, na avaliação de analistas ouvidos pelo Diário. As projeções dos economistas divergem, mas eles concordam que os números de 2003 ficarão bem abaixo do volume de recursos captados no ano passado, que somaram US$ 16,6 bilhões, e foram muito inferiores a montante obtido em 2000, de US$ 32 bilhões aplicados no Brasil.

Pelas projeções do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), ligado ao governo, o fluxo de capital externo deve ultrapassar os US$ 9,5 bilhões neste ano e no ano que vem ficar em US$ 13 bilhões. Já o Iedi (Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial) projeta US$ 9 bilhões em 2003 e US$ 12 bilhões em 2004, cálculos próximos das expectativas do mercado financeiro, que apontaram no final de setembro respectivamente US$ 8,5 bilhões e US$ 12 bilhões, de acordo com levantamento feito pelo Banco Central.

Segundo os especialistas, a entrada de recursos do exterior para a aquisição de empresas, ampliação ou montagem de filiais, que é o que caracteriza o IDE, caiu por vários fatores, entre eles o desaquecimento dos países industrializados. O economista e técnico de Planejamento e Pesquisas do Ipea, Marcelo Nonnenberg, observa que houve uma queda de fluxos de capital no mundo inteiro e não apenas no Brasil, a partir do ano 2000.

Para o economista, um dos principais motivos foi a queda das Bolsas nos países industrializados. “Reduz o lucro das empresas e, por sua vez, afeta diretamente os processos de fusões e aquisições de empresas, que explicam mais de 80% dos investimentos diretos externos na década de 80.” O doutor em economia e professor da FGV-Strong, Ruy Afonso de Santa Cruz Lima, considera que desde o dia 11 de setembro de 2001, com a recessão norte-americana, as empresas não estão abrindo filiais ou abrem em ritmo menor. “É um movimento estrutural mundial e esse impacto o Brasil também sofre”, disse.

Mas Nonnenberg afirmou que a queda no Brasil foi um pouco maior do que no mundo, por duas questões: boa parte do IDE ao país entre 1993 e 2000 se deveu a privatizações e desregulamentações, que se esgotaram ou estão paradas. “Além disso, a economia brasileira de 2001 para cá vem crescendo em ritmo lento, pouco acima de 1%, e a partir do final do ano passado havia grande incerteza dos investidores em relação aos rumos do governo”, acrescentou o técnico.

O diretor executivo do Iedi, Júlio Gomes de Almeida, avalia que um número razoável para o país ter anualmente seria entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões. Segundo ele, o IDE é importante por várias razões, entre elas por não ser dívida. “E o Brasil é entre os emergentes o campeão em endividamento externo, precisa equilibrar dívida com o IDE.” Almeida avalia ainda que esse é um recurso associado normalmente a empresa tecnologicamente avançada, que traz empregos, gestão e qualidade.

Compensação – Mas Lima observa que a redução dos fluxos de recursos está sendo compensada pelo melhor desempenho da balança comercial – com o incremento das exportações – que gerou superávit de transações correntes (saldo da balança menos serviços, que incluem os juros da dívida externa). “Mas é sempre melhor ter entrada de capital. O melhor dólar é de exportações e do IDE. Um menos bom é o capital volátil (ou especulativo).”




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