Pelas projeções do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), ligado ao governo, o fluxo de capital externo deve ultrapassar os US$ 9,5 bilhões neste ano e no ano que vem ficar em US$ 13 bilhões. Já o Iedi (Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial) projeta US$ 9 bilhões em 2003 e US$ 12 bilhões em 2004, cálculos próximos das expectativas do mercado financeiro, que apontaram no final de setembro respectivamente US$ 8,5 bilhões e US$ 12 bilhões, de acordo com levantamento feito pelo Banco Central.
Segundo os especialistas, a entrada de recursos do exterior para a aquisição de empresas, ampliação ou montagem de filiais, que é o que caracteriza o IDE, caiu por vários fatores, entre eles o desaquecimento dos países industrializados. O economista e técnico de Planejamento e Pesquisas do Ipea, Marcelo Nonnenberg, observa que houve uma queda de fluxos de capital no mundo inteiro e não apenas no Brasil, a partir do ano 2000.
Para o economista, um dos principais motivos foi a queda das Bolsas nos países industrializados. “Reduz o lucro das empresas e, por sua vez, afeta diretamente os processos de fusões e aquisições de empresas, que explicam mais de 80% dos investimentos diretos externos na década de 80.” O doutor em economia e professor da FGV-Strong, Ruy Afonso de Santa Cruz Lima, considera que desde o dia 11 de setembro de 2001, com a recessão norte-americana, as empresas não estão abrindo filiais ou abrem em ritmo menor. “É um movimento estrutural mundial e esse impacto o Brasil também sofre”, disse.
Mas Nonnenberg afirmou que a queda no Brasil foi um pouco maior do que no mundo, por duas questões: boa parte do IDE ao país entre 1993 e 2000 se deveu a privatizações e desregulamentações, que se esgotaram ou estão paradas. “Além disso, a economia brasileira de 2001 para cá vem crescendo em ritmo lento, pouco acima de 1%, e a partir do final do ano passado havia grande incerteza dos investidores em relação aos rumos do governo”, acrescentou o técnico.
O diretor executivo do Iedi, Júlio Gomes de Almeida, avalia que um número razoável para o país ter anualmente seria entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões. Segundo ele, o IDE é importante por várias razões, entre elas por não ser dívida. “E o Brasil é entre os emergentes o campeão em endividamento externo, precisa equilibrar dívida com o IDE.” Almeida avalia ainda que esse é um recurso associado normalmente a empresa tecnologicamente avançada, que traz empregos, gestão e qualidade.
Compensação – Mas Lima observa que a redução dos fluxos de recursos está sendo compensada pelo melhor desempenho da balança comercial – com o incremento das exportações – que gerou superávit de transações correntes (saldo da balança menos serviços, que incluem os juros da dívida externa). “Mas é sempre melhor ter entrada de capital. O melhor dólar é de exportações e do IDE. Um menos bom é o capital volátil (ou especulativo).”
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.