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Vias estreitas limitam criação de modais em São Caetano

Condição geográfica dificulta implantação de ciclovias e corredores de ônibus no município

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
18/10/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Faixas e avenidas estreitas espalhadas por 15,3 km² e por onde circulam 160 mil motoristas, número quase equivalente à população total da cidade: 150,6 mil pessoas. Para quem vive em São Caetano, a ausência de espaços para ampliação do sistema viário tem causado, nos últimos anos, grande dúvida no que diz respeito ao futuro da Mobilidade Urbana do município. Afinal, como criar novos modais sem condições geográficas que favoreçam essa expansão?

Sem corredores exclusivos de ônibus, com apenas três quilômetros de ciclovia localizada na Avenida Presidente Kennedy, e uma ciclofaixa de lazer de dois quilômetros na Avenida Tijucussu, munícipes de São Caetano não têm opções para deixar o carro em casa. Já aqueles que insistem no uso de outros modais acabam relatando dificuldades diárias para se locomover pela cidade.

“Aqui mesmo na (Avenida) Goiás é um receio diário de acontecer algo. Tento ao máximo ficar num espaço pequeno para não ter conflitos com ônibus nem carro”, relata o porteiro Rafael Bezerra, 27 anos, que usa a bicicleta três vezes por semana para ir ao trabalho.

Para os próprios moradores da cidade, fazer a integração entre bicicletas, pedestres e o transporte público no sistema viário de São Caetano é visto como algo que pode agravar ainda mais a situação do município. “Não tem condição de criar corredor exclusivo e espaço para bicicleta se as ruas são tão apertadas”, afirma o taxista Marcelo Ribeiro, 39.

Para o secretário interino de Mobilidade Urbana da cidade, Marcelo Ferreira de Souza. de fato o município encontra dificuldades para criação de novos modais. “Não tem como criar outras avenidas. É quase impossível. É uma situação que preocupa.”

Sem alternativas, moradores se veem obrigados a usar seus veículos próprios ou optar pelo transporte público, que registra média mensal de 600 mil passageiros.

Apesar de a média diária de congestionamento de São Caetano ser de apenas três quilômetros, motoristas já sentem impactos na fluidez das principais vias, tais como: avenidas do Estado, Goiás, Guido Aliberti, Presidente Kennedy e as ruas Alegre e Visconde de Inhaúma. “Aqui na Visconde, às vezes, nem compensa ir de carro em alguns lugares. Tem horas que entope”, relata o comerciante José Augusto, 56.

Segundo o secretário interino, os problemas da área devem ser solucionados ou amenizados quando for concluído e apresentado o Plano Municipal de Mobilidade Urbana do município. “O prazo para conclusão é de até 12 meses, contando a partir de agosto deste ano. É um documento que concentrará propostas e ações de curto, médio e longo prazo que visam o desenvolvimento do setor. Acredito que teremos resultados positivos com essas ações.”

 

Cidade teve 6,71% mais acidentes entre 2013 e 2014

 

Se para os motoristas as vias estreitas de São Caetano impactam diretamente no congestionamento de veículos, para os pedestres o fato tem causado cada vez mais insegurança. Isso porque, para alguns, o tempo destinado para a travessia nas faixas específicas tem sido insuficiente em trechos importantes da cidade. “Na (Avenida) Goiás mesmo há partes em que idosos têm muita dificuldade para atravessar (na faixa de pedestres) em dez segundos”, relata o consultor Joaquim Kupello, 55 anos.

A travessia localizada em frente à estação de trem e ao terminal de ônibus da cidade é outro ponto de queixa. O local não conta com semáforo para pedestres. Quando o agente de trânsito não está presente, moradores acabam se arriscando entre os carros.

De acordo com dados da Prefeitura, entre 2013 e 2014 o número de acidentes viários registrou aumento de 6,71% na cidade. No caso específico de atropelamentos, o índice subiu 7,69% (de 13 para 14). Já os casos com vítima tiveram alta de 6,67%. Foram 180 casos em 2013, contra 192 no ano passado.

Para moradores, a acessibilidade oferecida em São Caetano é exemplo a ser seguido por demais cidades. Calçadas e transporte público são modelos que deram certo.

Desenvolvido pelo munícipe Luiz Eduardo Porto, 47 anos, que perdeu a visão aos 23, o CittaMobi Acessibilidade é exemplo. O aplicativo é o primeiro destinado a portadores de deficiência visual como forma de facilitar o acesso ao ônibus. “Hoje uso o transporte público sem preocupação. Ele me informa a hora em que preciso descer e, mesmo quando estou sozinho no ponto, ele fala a linha que está passando.”




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