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Zé pelos olhos de Zeca

Zeca Baleiro lança CD e DVD ao vivo em que
mergulha no cancioneiro do paraibano Zé Ramalho

Vinícius Castelli
06/09/2015 | 07:00
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Divulgação


O encontro de Zeca com Zé foi na adolescência de Zeca, que era um jovem em busca de novidades. Quando escutou uma canção de Zé Ramalho no rádio e teve breve ideia do que é seu universo poético, o sentimento foi de choque, tanto com a beleza e a estranheza da canção quanto com sua voz.

Artista que hoje dispensa apresentações, o cantor maranhense Zeca Baleiro presta merecida homenagem a Zé Ramalho e dá vida ao CD e DVD Zeca Baleiro Canta Zé Ramalho – Chão de Giz (Som Livre, R$ 24,90 e R$ 34,90, em média).

O projeto nasceu despretensioso, pequeno, para ser show de releituras apenas. Mas a oportunidade apareceu e tudo aconteceu. “Não havia o plano de gravar, mas a chance surgiu e quisemos fazer o registro. O show é bonito, modéstia ‘às favas’”, brinca Zeca, em entrevista ao Diário. “Além da música em si, há todo um tratamento visual que é muito impactante. A responsável por isso foi a Monique Gardenberg, diretora do DVD e curadora do projeto”, diz o artista.

O álbum conta com 14 composições. Já o DVD, com 17 e mais quatro bônus. Na obra, Zeca passeia livre pelo cancioneiro do homenageado e doa sua voz e sua visão a canções como Ave de Prata, música do projeto que mais toca Zeca e que foi pincelada do álbum A Terceira Lâmina, que, vale lembrar, é de onde saltam clássicos como Canção Agalopada, além da faixa que dá nome ao disco, também revisitada por Zeca Baleiro neste trabalho. Todo o universo de Zé apresentado por Zeca ganha vida com arranjos de acordeon, violão, violão de sete cordas, triângulo, paneiro, zabumba, escaleta, mandolim e toda uma parafernália a bonita de se ver que toma conta do palco.

Para montar o repertório, Zeca explica que escolheu músicas que contemplam os clássicos do Zé, inevitáveis. Juntou também alguns temas mais ‘lado B’, “músicas menos conhecidas mas igualmente fortes.” Faixas conhecidas como Avôhai e Admirável Gado Novo não ficam de fora.

Mas não foi simples assim decidir tudo isso. Ele entrou no universo de Zé Ramalho de corpo e alma e, com todo o prazer do mundo escutou disco a disco já gravado pelo artista. “Foi um mergulho e tanto, um processo incrível, redescobrindo as canções, associando-as a épocas da minha vida. Foi intenso o ‘bagulho’”, dispara.

Zeca Baleiro foi tão além do senso comum que chegou até Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol</CF>, trabalho psicodélico gravado por Zé Ramalho ao lado de Lula Cortês e cuja história é cultuada por muitos. Lançado em 1974, o álbum teve prensagem original de 1.300 cópias, mas uma enchente em Recife em 1975 acabou com 1.000 delas e também com as fitas master. E é justamente desse trabalho que Zeca Baleiro apresenta sua versão para Não Existe Molhado igual ao Pranto. “Conheço o disco Paêbirú, um capítulo importante na carreira do Zé, e achei que alguma música desse disco merecia um remake. Como gosto muito da letra de Molhado, mandei ver. Acho importante mostrar ao público, num projeto como esse, todas as facetas do homenageado”, afirma Zeca.

Agora, com esse trabalho pronto, o cantor pensa nos próximos passos. “Já estou com dois novos projetos no forno, o CD Café no Bule, em parceria com Naná Vasconcelos e Paulo Lepetit, e um novo disco de inéditas”, encerra. 




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