Márcio Gomes relembra clássicos
Basta fechar os olhos, ainda nos primeiros instantes de 'Boa Noite, Amor', faixa que abre nova obra do cantor carioca Márcio Gomes, para ser levado de volta à primeira metade do século 20, nos tempos áureos dos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro.
No disco 'Márcio Gomes canta Francisco Alves' (Microservice, R$ 16 em média), o jovem cantor de voz elegante e poderosa mergulha no universo musical de um conterrâneo seu, o cantor e compositor Francisco Alves, uma das mais importantes vozes àquela época.
Trabalho de um ano todo, tem produção do produtor, pesquisador e jornalista Rodrigo Faour e foi arranjado por Alfredo Del-Penho. Das mais de 1.000 canções que Chico Alves pôs voz - entre clássicos de Ary Barroso, Lamartine Babo, Herivelto Martins e Benedito Lacerda -, Márcio selecionou 13, que vão de célebres valsas a composições de Carnaval.
Inspirados arranjos de flauta, piano, contrabaixo, saxofone, trombone, bateria, percussão, cavaquinho e cordas passeiam por todo o disco. Faixas como 'Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda' são carregadas de romantismo. Grata surpresa na releitura é a participação especial de Cauby Peixoto. "Cauby é o mais importante cantor vivo da Era do Rádio, além de tudo, um amigo querido. É uma honra para mim", revela Márcio.
Um dos grandes momentos fica por conta de 'A Voz do Violão', assinada por Chico ao lado de Horácio de Campos, arranjada por belíssimos e delicados acordes de violão, sempre lapidados pela voz de Márcio.
Outro ótimo momento é com 'pout-pourri' que revive compositores como Noel Rosa, Herivelto Martins e Benedito Lacerda. O apanhado bem resolvido traz 'É Bom Parar', 'Palhaço' e 'Que Rei Sou Eu'.
O que fica claro, ao se deparar com a obra, é que muito da musicalidade se perdeu com o passar dos anos. As criativas canções respiravam poesia e tinham harmonias sofisticadas. Bons tempos que voltam vez ou outra.
Mais do disco:
Onde o Céu Azul é Mais Azul - Escrito por João de Barro, Alcyr Pires Vermelho e Alberto Ribeiro, o samba foi sucesso na voz de Chico Alves. Na releitura, arranjos animados de flauta e saxofone.
A Lapa - A voz de Márcio Gomes revive os tempos em que Chico cantou a Lapa, a boêmia carioca e os tempos em que composições saltavam das mãos dos músicos nas mesas dos botecos.
Na Virada da Montanha - De beleza peculiar, traz belas melodias de cavaquinho - carro chefe da canção - e violão. A voz do cantor, mais uma vez, remete aos temos preciosos do cancioneiro brasileiro.
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